terça-feira, 7 de julho de 2020

Sobre quebrar a quarentena

Passou no Fantástico (meu domingo só faz sentido quando assisto), sobre como os solteiros tem driblado a solidão na quarentena. E claro, vários conselhos foram dados, entre eles, não quebre a quarentena. Em resumo. 

Não sei como tem sido para vocês, mas para mim tem a parte boa e a parte ruim.  

Parte boa - além de eu não ficar doente por esse fato em específico, porque sinceramente eu odiaria transmitir ou pegar covid, eu tenho mantido uma rotina individual muito boa, apesar de tudo. Tenho lido, tenho me observado, me reconstruído e tenho me silenciado. Estou realmente no processo de tentar resgatar algumas coisas que eu nem sei quando havia perdido. 

Essa fase solteira e sozinha, tem sido muito gratificante. Principalmente porque estou conseguindo descansar. Domingo é de fato o dia que tiro para fazer absolutamente nada. Mantenho minha rotina de trabalho, mesmo quando estou em casa, sábado me programo mentalmente como se estivesse em evento e faço aulas de dança com minha sobrinha, algo que era impensável há 4 meses.

Parte ruim - eu sinto falta de uma companhia. Mas acontece vez ou outra. Mas sinto falta sim. Acho que nem sei mais namorar, me relacionar, porque faz mais de um ano que tive alguma rotina à dois. E tem toda a parte física e mental, que é super positiva para o individuo quando ele encontra uma pessoa bacana. 

Mas neste momento eu confesso que tentei me aproximar, ainda que à distância, de uma pessoa. Mas faltou algo, faltou talvez vontade. E eu acho que este momento é ideal para troca de mensagem, de carinho virtual. É hora de resgatar aquele tipo de conquista que existia por carta, lembram? A quarentena é o momento de se conhecer, de entender o que o outro gosta, sonha, planeja. Já que não dá para encostar né?

No fundo é melhor. Imagina se eu quebro a quarentena e a pessoa me deixa doente e mais sozinha ainda do que já estou?

E você: achou sua cara metade nesta quarentena? 



O que você diria se pudesse visitar a si mesmo aos 15 anos, em uma frase e desaparecer?

A pergunta foi reformulada, mas peguei do Twitter do Rômulo Neves - Diplomata e ex-BBB. 

E eu respondo: estude mais, porque o que estudará será pouco. 

Amanhã, completo 5 anos de Ministério e em agosto, 15 anos de profissão. Atuo como Secretária Executiva desde o 2º semestre da faculdade e tenho um super orgulho disso. 

Só que eu me questiono todos os dias. Fico tentando articular que tipo de vida eu teria se eu tivesse seguido meu sonho de infância e me tornado Jornalista. Teria sido uma boa profissional da área? 

Não sei. Sei que o que me tornei hoje, é fruto sim de muito estudo e muitas lágrimas no fim do dia. Muita insegurança e medo de errar. Escuto muitas críticas, acho que até mais do que mereço, sempre tem algo que não está correspondente ao que o outro quer. Tantas vezes que me questionaram onde estudei, porque parece mesmo que apenas comprei o diploma. 

Com o que sou hoje, obviamente teria feito um monte de coisas diferentes, se pudesse voltar no tempo. Teria feito na verdade, exatamente o que respondi na frase: estudado mais e mais, porque o que estudei tem sido insuficiente. 

Nunca é tarde, claramente, e por isso estou com um projeto muito desafiador para quando a pandemia acabar e espero em Deus muita saúde e poucas distrações na caminhada para retomar meus estudos, me aperfeiçoar e diminuir o número de críticas: internas e externas com o qual convivo todos os dias. 

E você: o que diria aos 15 anos que poderia mudar seu destino? 

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Já estamos em julho!

Chegamos no mês de julho e eu realmente não entendi nada até agora. Sinto que os dias se arrastam em dúvidas, inseguranças e um falso isolamento. 

Ontem, reabriram os bares na cidade do Rio de Janeiro e o que se viu foi de chorar absurdamente. Por aqui, o nosso Governador está seguindo a mesma lógica e eu entro em pânico imaginando o tanto de gente irresponsável que irá chutar o balde e viver a vida como se não houvesse amanhã. Acho que essa galera que está colocando o meu isolamento e o seu, no lixo, deveriam assinar um documento abrindo mão de cuidados médicos caso fiquem doentes.

Não sinto que as coisas estejam melhorando. Mais de 60 mil mortos no Brasil e nossos governantes seguem perdidos e cada um tomando decisões duvidosas. E aí que eu sigo achando que essa pandemia não veio para melhorar o brasileiro: ela veio para mostrar o quanto somos egoístas e não fazemos ideia do que é seguir regras e respeitar ao próximo. 

Pessoalmente sigo em crise existencial, solitária e um pouco amarga. Ando meio relapsa e diria que se decretassem lockdown seria minha salvação interna. De repente assim eu retomasse minhas atividades profissionais de uma forma mais eficiente.

Meus eventos de 2020 foram todos transferidos para 2021. Meu coração ficou partido, mas aliviado ao mesmo tempo. Estava expressamente preocupada com meus casais, com minha equipe e com os fornecedores. As restrições são sérias e isso comprometeria todo o desenvolvimento e sei que isso seria péssimo para eles, que sonham com o grande dia, assim como eu, há meses. 

Só nos resta seguir em orações, o tempo todo. Por cada um, por nossas famílias e amigos, pelas famílias de um modo geral. Todos estamos em tempos sombrios e incertos. Essa vida assim, vivida desta forma, é muito doída. 

Continuo esperando, assim como todo mundo, que as coisas possam voltar ao mínimo da normalidade. Gostaria pelo menos de rever meus pais e irmãos, alguns punhados de amigos ou simplesmente andar pela rua sem medo. 

E você? Como tem vivido essa fase bizarra? 

segunda-feira, 22 de junho de 2020

O que o seu último relacionamento te ensinou?

Começo a semana com uma pergunta bem complexa né? Mas achei bem legal pensar sobre isso. Aliás, estou há mais de 15 dias para escrever sobre. Esperei ver se vingava aí um relacionamento, mas não foi bem o quê aconteceu. 

O meu último relacionamento oficial, que quem acompanha o blog sabe, durou exatos 20 dias. Os 15 primeiros foram ótimos, os último 5, um desastre. Em 20 dias eu pude aprender um pouco sobre mim. Um pouco mais. 

A resposta à pergunta é simples: eu aprendi a ficar sozinha sem sofrer por isso. Porque eu sempre achei que precisava me relacionar, estar me relacionando, à qualquer custo e de qualquer maneira. E isso me levou, principalmente, a me relacionar com caras absolutamente nada a ver comigo. 

Quando eu paro pra pensar o que já teve de cara que não gosta de dançar, que não é família, que não gosta de gato, que reclamou da minha cama de solteiro e das gatas brincando pela casa. Já me zoaram pela minha profissão, já riram da minha língua presa, das minhas tatuagens. Já declararam sentir vergonha quando eu danço. Fora alguns que tentaram me humilhar por eu ser muito workaholic e um tanto quanto muquirana e claro, ainda assim morar de aluguel, não ter um carro. Entre várias outras coisas, que quando eu olho para trás, me pergunto o porquê ter aceito tanto. 

Mas este último me questionou muito sobre a minha fé. Sobre o meu trabalho com casamentos. E eu aprendi ali, naqueles 20 dias, que eu sou muito feliz com a minha fé, com meu trabalho e que se eu for parar mesmo para colocar as coisas na ponta do lápis: não preciso de ninguém querendo me mudar, mudar minhas crenças e meu estado de espirito. 

Eu amo trabalhar com casamentos. Acredito muito no amor. Acredito que exista um poder que unam pessoas. As vezes pessoas parecidas, as vezes diferentes, e que é possível ser feliz com alguém. Mas eu aprendi com o meu último relacionamento, que como estou hoje, eu realmente estou bem. 

Peço, claro, em orações sinceras, que um dia, na hora certa, apareça alguém com quem eu me identifique, que se identifique comigo e que entre respeito, lealdade e companheirismo, eu não me sinta diferente e para baixo. Ainda bem que quem tentou me derrubar, até conseguiu, mas eu, no meu tempo, consegui me levantar. 

E você: o que aprendeu com seu último relacionamento? 

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Silêncio. Estou com raiva.

Estamos com a nossa live no Jornal Capital em Foco falando sobre raiva. Que tema gente!!! Ainda mais no meio deste caos que se chama Covid-19, crise política, social, econômica, moral e intelectual. 

Estamos todos à beira de um colapso mental, interno, externo, sexual, visceral. Meu Deus, como estamos conseguindo mesmo? Como a gente viveu este tempo todo sem perceber que estávamos rumo ao buraco?

Estive pensando um dia desses, que a melhor coisa do meu ano de 2020 é que em 2019 eu não planejei meu ano de 2020. Serião! Eu pensei coisas expressamente concretas: não ficar desempregada, nem doente, nem falida. Não pedi nada específico à Deus, somente, realmente terminar o ano, que nem tinha começado, em paz. A mínima paz e dignidade de alguém que achava até então, que apesar de todos os defeitos, não merecia nada minimamente semelhante ao que estamos vivendo. 

E o quê tem a live citada acima a ver com o meu texto? Pois eu te digo: eu hoje estou com muita raiva. De verdade. E antes eu ficava com raiva de estar com raiva, mas hoje eu aprendi, ao longo destes longos 4 meses de pandemia insana, que todos estamos com muita raiva. Por diversos motivos e com razão, em quase sua totalidade dos atos. 

Obviamente que seguimos não tolerando que pessoas com raiva cometam crimes. Mas conseguimos suportar raivas que não interfiram psicologicamente e fisicamente na rotina do outro. E é esta raiva que tem me acompanhado em vários momentos do dia e eu tenho colocado pequeninas ações em prática para que eu não tenha um surto que só vá desaparecer em 2035. 

Não sou muito boa em dicas, mas começo meu dia fazendo o sinal da cruz e já arrumo a cama, dizem que faz bem e eu acredito. E tenho rezado tanto, mas tanto. Só que a gente sabe que o outro interfere demais nessas alterações e é essa administração do quanto o outro vai interferir no seus excessos, medos e raivas, que farão a diferença na sobrevivência ao dia 21 de junho (dizem que é o dia do fim do mundo, pela milésima vez).

Enfim. Só esta semana, juro, já quis esfaquear umas 35 pessoas. Uma galera com suposições, interferências, críticas, palavras pesadas e silêncio. Sim, até o silênico tem me deixado muito irada. 

Por sorte eu não meti a faca em ninguém, não tenho revidado nenhuma acusação ou crítica, e estou em silêncio com quem está em silêncio comigo.

E amanhã, sexta-feira, a gente vem na rotina, na gratidão, no sentimento de que estamos todos em algum ponto do tempo, em que nada faz total, ou nenhum sentido. 

Te desejo fé e que você consiga silenciar e não ter assim tanta raiva. Te falar: vale a pena. 


segunda-feira, 15 de junho de 2020

100 dias

Tenho usado muitos números em meus últimos textos. Mas parece que nos últimos tempos é muito isso que vem rolando, números.

Chegamos ao centésimo dia em que o primeiro caso de COVID-19 foi divulgado. Até porque a gente nem sabe efetivamente quando foi o primeiro caso mesmo. De lá para cá só piora. Pelo Brasil quase chegando a 45 mil mortos. Em Brasília já são mais de 280. 

E as coisas vão abrindo: shoppings, parques, feiras... E as pessoas seguem sem usar máscara, ainda que seja até passível de multa e detenção. E elas seguem aglomerando. Fazendo festas. Correndo. Comprando em shopping. E agora, vamos à feira, porque claro, é muito importante e necessário. 

E seguimos, porque não há nada a ser feito. A não ser, tomar vergonha na cara e tentar ficar o máximo em casa. Sei que a economia precisa girar, mas ela girar e você morrer, ou eu, por sua culpa, é de uma extrema falta de humanidade. 

Neste dia emblemático, que sugere que as coisas tendem a piorar, peço por cada um que perdeu alguém pela simples falta de empatia. E você que não usa máscara, que resolve visitar um parente e mais 10 pessoas tem a mesma ideia, peço que caiam em si enquanto ainda tem oportunidade e observem quais são seus valores que precisam ser cuidados para em conjunto, tentarmos chegar ao fim dessa pandemia, apenas vivos. 

Não sou perfeita e sei que tenho cometido vários erros. Afinal a gente está aprendendo ainda, mesmo tanto tempo depois, como se comportar. Mas fico com a consciência tranquila por usar minha máscara, inclusive no trabalho, por não visitar ninguém e manter meu já medo de ir ao shopping, intacto. 

Se Deus quiser isso vai passar. Quando, depende muito de cada um de nós. 

sexta-feira, 12 de junho de 2020

12 de junho

E lá vamos nós para mais um 12 de junho. Mais uma data importante que será vivida de uma maneira totalmente diferente. 

Acompanho, claro, todas as redes sociais, e apesar da crise, tem muita gente que não deixará de presentear seu amor no dia de hoje. E isso me alegra, porque sou super à favor de que as pessoas sigam com essa demonstração de afeto, mesmo no meio do caos. 

Eu não sei como anda minha vida amorosa. Talvez depois de muitos anos, seja possível que eu vá conseguir desenvolver um relacionamento. Mas não é motivo ainda para comemorar. Ainda mais esta data tão importante. 

A verdade é que eu acho que não sei mais me relacionar. Eu nunca fui tão boa nisso, vide um divórcio e muitos namoros e pseudo-namoros expressamente fracassados. Mas se tem algo que eu ainda sou é pseudo-romântica. 

Quando falo pseudo-romântica, é porque acredito que só de não gostar de flores, chocolate e datas forçadas de celebração, já me tiram do patamar de romântica. Mas eu tenho um lado fofo que é de demonstrar com frases, poesias, textos, memes... Gosto de postar fotos fofas e escrever. Será que eu gosto de escrever? O meu medo é somente perder a mão. 

Se eu perco a mão com alguém que não gosta deste tipo de demonstração de afeto, eu me frustro. Porque obviamente a gente espera que o outro demonstre algo pela gente né? E a vida me ensinou na marra que nem todo mundo será recíproco para seu afeto, e as vezes ele te ama, mas é diferente de você. No caso de mim. 

Então para meu próximo relacionamento: menos demonstrações públicas de carinho. Pelo bem da minha sanidade. A gente envelhece e aprende que nada é do jeito que queremos, sonhamos ou planejamos. Lidar com isso é ser maduro e feliz por dentro. 

Aos casais, feliz dia dos namorados. Não importa quanto tempo estejam juntos, desejo que todo dia seja dia de amor, carinho, respeito e muitos beijos. 

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Rotina normal

Enquanto o mundo discute se flexibiliza ou não a quarentena, graças a Deus por aqui no meu trabalho, já flexibilizamos e estamos à todo vapor. Temos nova gestão e as coisas precisam seguir firmes, temos muito a realizar. Com saúde.

Obviamente tenho tido algumas crises por conta de ter voltado ao uso de transporte público, mas tenho tentado tomar os cuidados necessários e fora isso, me mantenho em casa. Mas já circulo com muito mais confiança do que há 3 meses, quando demoraram a definir como seria a quarentena das Secretárias e dentro de mim eu morreria em 1 semana. Não morri e até que me digam o contrário, estou bem. 

Agora que estou vindo todos os dias, tenho até reparado, que a grande maioria das pessoas tem se cuidado, ao menos com o uso da máscara. E eu tenho feito um horário bom, porque assim eu não ando em metrô e ônibus cheios. Tem dias que vou de motorista particular.

Mas uma coisa tem me encafifado: o meu grau de lerdeza no trabalho, sabe-se lá se posso culpar a pandemia, está muito alto. Muito mesmo. Estou em uma agonia extrema. Coisas mínimas, parece meu primeiro emprego. Sinto uma vergonha. Ok, já passei por isso em outros momentos, mas passar por isso estando quase a completar 5 anos de Ministério, 4 só neste Gabinete, é duro de aceitar. Saio do trabalho diariamente com uma sensação de que estou em um beco sem saída. 

E assim vamos atravessando esta fase. Tem dias que chego em casa feliz, afinal, como não ficar tendo casa, comida, roupa lavada, emprego e saúde? Estamos sim em um privilégio. Estou sendo amada em um nível profundo por Deus. Mas não nego, que em muitos outros dias acontece tudo ladeira abaixo e eu fico com a cara do John Travolta na janela do Windows.

E seguimos. Não tem outra forma não é mesmo? Coragem gente! Isso há de passar. 

terça-feira, 2 de junho de 2020

33 anos

Quem me acompanha desde que o blog foi criado, há 13 anos, percebe o quanto eu falo sobre a minha adoção. Quando eu comecei a escrever aqui eu completava ainda 20 anos deste momento. 

Em 13 anos, tanta coisa mudou né? Me formei, que é de fato meu maior orgulho na vida. Casei e me divorciei. Mudei algumas vezes de emprego e em julho, se Deus quiser, completo 5 anos de Ministério. 

E hoje, 02 de junho de 2020, mais uma vez venho celebrar esse importante marco em minha vida, que é a minha adoção, há 33 anos. Provavelmente, não tenho muito o quê celebrar, pelo menos, neste momento tão surreal, mas por dentro eu estou sim em muita festa e alegria. 

Acho que de todas as minhas conquistas pessoais, ter dado certo como filha adotiva é um orgulho inexplicável. Porque alguns casos, infelizmente dão errado, e claro, eu não associo diretamente à adoção. Mas eu, particularmente me julgo sim um caso de muito sucesso. Deixo triste pessoas que acharam que de alguma forma, por ser adotiva, eu me tornaria uma drogada, uma prostituta, ou teria engravidado adolescente. Aqui estou eu, cumprindo minha palavra de não ser presa e nem ser mãe solteira. 

Claro que devo mais da metade, muito mais, à minha criação. À firmeza, rigidez, mas também sabedoria de meus pais e irmãos na condução de meu caminho. Não fui uma criança fácil e fui uma adolescente sistemática e confusa. Sim, eu poderia ter seguido um caminho meio torto, mas isso não teria sido jamais culpa de meus pais. 

Por sorte, passados 33 anos, a escolha que minha família fez, não só deu certo. Vai dar ainda mais certo. Agora sou uma mulher mais madura, mais confiante, mais pé no chão, com um propósito, determinação e um pouco mais de audácia. Tenho menos medo e graças a Deus estou em uma sintonia mais firme com meus irmãos, agora principalmente, que os papéis se invertem e vamos cuidar de nossos pais. 

Obrigada meu querido Deus, por me dar essa chance, essa alegria e essa realização. Obrigada por nunca ter desistido de mim e ter guiado minha família para me receber, me acolher, me educar e me amar. 

E seguimos contanto. E criando histórias. Uma história de sucesso. 

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Daqui a alguns anos.

Daqui a alguns anos estaremos todos mudados. E só teremos lembranças deste ano que com certeza, para uma grande maioria da população, foi diferente de tudo que já vivemos e que planejamos para 2020. 

Quem ia imaginar que de repente teríamos uma doença tão peculiar. Que de repente seríamos isolados de nossas funções e estaríamos à todo custo tentando sobreviver e não ficar desempregados. Quanto do que planejamos não aconteceu e provavelmente não acontecerá. Globalmente, apesar de em alguns pontos o vírus estar controlado, não se sabe se isso é definitivo ou se é só um período de paz. 

Estamos todos em crises. Seja de vida, de alma, de relacionamento, no trabalho, no coração, na mente, no corpo. Tantos questionamentos e angústias. Nervos à flor da pele. Tensão em não saber mais se adianta alguma coisa. Se vale a pena alguma coisa. 

Relacionamentos que acabaram. Outros, pasmem, apesar do isolamento, estão começando. Mas justamente por este isolamento, muitas pessoas brigando, selando a paz, recomeçando também. 

Crianças em casa. Idosos ainda mais solitários. Gente querendo trabalhar sem poder, podendo trabalhar mas em casa porque tem que fechar tudo. Médicos e enfermeiros à beira do colapso mental. Todos, à beira de um ataque de nervos. 

Sem beijo. Sem abraço. Sem festas. Sem toque. Nem brinde. Nem amor real. Tudo agora parece muito mais artificial. Mas tem gente, graças a Deus, que está aproveitando para melhorar, praticar yoga, malhar, meditar, costurar, tricotar, desenvolver habilidades. 

O fato é que nenhum livro de história será capaz de explicar o quê estamos vivendo. Apesar de ser uma repetição de uma doença que esteve com a gente 100 anos atrás e que trouxe algo de bom para o mundo. E é só isso que se espera: que esse vírus e suas consequências, gerem um mundo melhor, com pessoas melhores. 

Até acredito, não acreditando. Mas tenho fé. E isso, importante, não pode nos faltar. 



terça-feira, 26 de maio de 2020

Há 21 anos

Eu sei que você querido leitor, está de saco cheio de ouvir há 21 anos minhas histórias sobre Moscou. Só no blog são 13 anos martelando esse passado que eu sempre acho que irei reviver, mas aí vem a caminhada e me coloca em stand by. 

Hoje completo 21 anos do dia que eu considero um dos mais tristes de minha vida. Aquela tarde de primavera me trouxe muitas lágrimas por estar saindo daquela caminhada sem saber absolutamente nada do que me aguardava em nosso retorno ao Brasil.

Lembro de meus amigos da escola com uma faixa, na porta da Embaixada, muitas, mas muitas lágrimas. No carro, meu primeiro namoradinho segurava minha mão. Mas confesso que eu não estava nada triste por deixá-lo. A minha tristeza era por ter que voltar para o Brasil. 

Entendam, não é que eu não amasse o Brasil, mas naquele momento eu amava Moscou de uma forma tão intensa que eu tentei de tudo para ficar. Acho que teria até me casado, aos 15 anos, para ficar lá. Era algo muito sincero. Eu me sentia realmente parte daquele povo e sim, até hoje, apesar de tantos anos e águas embaixo da ponte, eu não superei meu retorno. 

Mas ao mesmo tempo, sou grata e não tem outra forma de encarar essa parte de minha vida. 4 anos intensos pra caramba, divertidos sim, alegres sim, de muito aprendizado, de muitas noites mudando os móveis do quarto de lugar, muitas faxinas, e muitas horas de estudo e leitura. Me tornei uma pessoa ávida por leitura graças aos meus anos em Moscou. E me tornei muito comprometida e pontual, características que eu observei e capturei para mim. O russo é muito isso: comprometido e pontual. É frio, mas acolhedor quando não se sente usado. 

O quê eu menos gostei em tudo, obviamente, foi o frio e a neve. Se eu pudesse ter vivido esses 4 anos sem o inverno eu não teria nenhuma reclamação, nem mesmo dos momentos mais pesados de relacionamento com meus pais. Nem mesmo quando eles ficaram doentes, ou quando a saudade do Brasil deixava mamãe super depressiva. Tanto é que no verão eram os dias em que eu menos dava trabalho, pasmem. hahaha

Muito feliz hoje. Nostálgica. Revendo meus passos, minha história, meus amigos... tanta coisa guardada em meu coração. 

Espero voltar. Sempre espero isso. Se Deus quiser não passarei esses meus próximos dias de vida, sem visitar a cidade mais linda e especial do mundo. 

segunda-feira, 25 de maio de 2020

A solidão da quarentena

O assunto do momento, em todas as esferas, ainda é a quarentena, o COVID-19 e todas as suas implicações. Eu passo o dia pensando nisso, nas pessoas, e na consequência de tudo isso para todos, sem exceção, ao redor do mundo. 

Pessoalmente eu achei que fossem ser dias piores. No começo eu me senti péssima, mas fui me acalmando, principalmente porque, graças a Deus, não fui afetada diretamente com o ficar em casa. Mas isso não me acalmou total, eu penso muito nos que estão ao meu redor, e que foram afetados profundamente, seja profissionalmente, seja socialmente. Tanta gente que sofre até hoje com redução salarial, que se viu tendo que trabalhar na linha de frente nos hospitais, que teve que virar professor dentro de casa. 

E ontem li sobre uma atriz que celebra estar solteira nesta fase. E me peguei pensando no tanto de gente que assim como ela, como eu, estão passando por essa sozinhas. Sem nem um contatinho, como está na moda dizer. 

Eu super agradeço por nesta pandemia, não ter marido nem filhos. Parece egoísmo, mas eu penso muito em como seria se eu neste momento, além de todas as minhas preocupações, tivesse ainda que lidar com relacionamento e filhos. Mamãe diz que eu me sairia muito bem como mãe, mas eu tenho minhas dúvidas. 

Algo que eu tenho admirado muito são essa mães, que além de toda problemática, se tornaram professoras, psicólogas, faxineiras, empresárias... Meu Deus, mulher é um ser que precisa ser estudado né? Eu particularmente agradeço de fato até ser tudo isso, mas sozinha. 

É fácil? Não. Sou humana e não somente na pandemia, mas antes eu sentia falta de uma companhia. Mas eu estou tão acostumada com o meu mundo em construção, que hoje eu não visualizo uma relação normal. A minha rotina é muito objetiva, muito particular, muito minha mesmo. E agora nessa obrigação do isolamento, tenho vivido até bem, mais tranquila e sem todas essas crises que existem em vários tipos de relacionamentos.

A escolha que eu fiz no dia 21 de abril de 2019 nunca fez tanto sentido para mim. E eu nem imaginava que de repente eu precisaria viver isso na prática de forma tão intensa. 

Me conta aí: como está sendo a sua quarentena sozinha?



quinta-feira, 21 de maio de 2020

O respeito à próxima!

"Como Mulheres, temos todas que apoiar umas as outras" - Michelle Obama.

O Jornal Capital em Foco tem em sua live hoje a Delegada Jane Klébia e falaremos sobre "A linha de frente da Segurança. Enfrentamento aos crimes domésticos em cenário de pandemia"

E achei essa frase da Michelle e tudo fez sentido. E de repente, em mais um dia, me pego pensando nas mulheres espalhadas pelo mundo que estão não só passando necessidade, mas estão além de toda dureza da vida, sofrendo violência doméstica. 

Acho isso tão injusto. Me doi tanto quando penso nisso. Quando imagino que neste momento onde deveríamos estar todos nos acolhendo no amor, tem gente que tem espaço no coração para odiar o outro, para desejar o mal, para semear a discórdia, a competição, a infidelidade, a deslealdade, o rancor e principalmente, gente que fere o outro fisicamente. Quando esse outro é uma mulher, eu realmente não consigo me acalmar. Falta o ar em um nível que acho que estou com o corona.

Se tem algo que esse isolamento está me ensinando é pensar no outro. E a chave virou efetivamente quando soltei a frase infeliz que me distanciou uma grande amiga. Contei isso aqui: https://bolshaia.blogspot.com/2020/05/pedido-de-desculpas.html

Estou aprendendo que a dor do outro é diferente da minha, mas não significa que seja menor. Que tem muita gente sofrendo de verdade, não esse meu sofrimento. Tem gente passando fome. Desempregado. E como a maioria da população é composta por mulheres, sim, estou ainda mais aprendendo a respeitar a minha companheira do lado, mesmo que eu não a conheça. Porque só ela sabe o quê tem sido difícil para ela. 

O que eu quero hoje, é reafirmar meu comprometimento em respeitar o outro. Parar de exaltar os defeitos do outro. Sou humana e não sou Deus. Quero somente ser apoio e colo quando alguém precisar de mim. Parar com essa competição invisível entre nós, mulheres, porque somos todas feitas de lutas, de muitas batalhas diárias e de sobrevivência ao machismo, ao desrespeito, ao racismo e a homofobia. 

Em orações diária por você mulher brasileira, independente de classe social, de quanto ganha ou deixa de ganhar, cor, credo e sexualidade, porque eu sei que você pode estar neste momento sofrendo algum tipo de violência e precisa de muita coragem para sair dessa. E vai sair! Conte comigo!