Eu sei que você querido leitor, está de saco cheio de ouvir há 21 anos minhas histórias sobre Moscou. Só no blog são 13 anos martelando esse passado que eu sempre acho que irei reviver, mas aí vem a caminhada e me coloca em stand by.
Hoje completo 21 anos do dia que eu considero um dos mais tristes de minha vida. Aquela tarde de primavera me trouxe muitas lágrimas por estar saindo daquela caminhada sem saber absolutamente nada do que me aguardava em nosso retorno ao Brasil.
Lembro de meus amigos da escola com uma faixa, na porta da Embaixada, muitas, mas muitas lágrimas. No carro, meu primeiro namoradinho segurava minha mão. Mas confesso que eu não estava nada triste por deixá-lo. A minha tristeza era por ter que voltar para o Brasil.
Entendam, não é que eu não amasse o Brasil, mas naquele momento eu amava Moscou de uma forma tão intensa que eu tentei de tudo para ficar. Acho que teria até me casado, aos 15 anos, para ficar lá. Era algo muito sincero. Eu me sentia realmente parte daquele povo e sim, até hoje, apesar de tantos anos e águas embaixo da ponte, eu não superei meu retorno.
Mas ao mesmo tempo, sou grata e não tem outra forma de encarar essa parte de minha vida. 4 anos intensos pra caramba, divertidos sim, alegres sim, de muito aprendizado, de muitas noites mudando os móveis do quarto de lugar, muitas faxinas, e muitas horas de estudo e leitura. Me tornei uma pessoa ávida por leitura graças aos meus anos em Moscou. E me tornei muito comprometida e pontual, características que eu observei e capturei para mim. O russo é muito isso: comprometido e pontual. É frio, mas acolhedor quando não se sente usado.
O quê eu menos gostei em tudo, obviamente, foi o frio e a neve. Se eu pudesse ter vivido esses 4 anos sem o inverno eu não teria nenhuma reclamação, nem mesmo dos momentos mais pesados de relacionamento com meus pais. Nem mesmo quando eles ficaram doentes, ou quando a saudade do Brasil deixava mamãe super depressiva. Tanto é que no verão eram os dias em que eu menos dava trabalho, pasmem. hahaha
Muito feliz hoje. Nostálgica. Revendo meus passos, minha história, meus amigos... tanta coisa guardada em meu coração.
Espero voltar. Sempre espero isso. Se Deus quiser não passarei esses meus próximos dias de vida, sem visitar a cidade mais linda e especial do mundo.
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