sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Minha querida Naty:

Eu amo dar minhas aulas particulares.
Ainda que eu não seja formada nesta área, me sinto professora. Preparo as aulas e penso sempre no melhor para vocês. Passo dias e dias planejando prova, trabalho, exercícios, tudo, igual a uma professora comum.
Sempre achei que meu dom era o de ser jornalista. Mas ano passado eu tive uma única certeza: eu nasci para ser professora. E eu tenho essa convicção.
Agradeço sua paciência comigo.
Agradeço a paciência de seu pai.
Agradeço a paciência de meu aluno de russo.
Eu erro também né?. As vezes extrapolo.
Mas lá no fundo, eu amo o que faço e farei por vocês o que puder ser feito, para o melhor aprendizado.
Contem comigo!
Um beijo!
Alguém me disse que eu deveria largar da idéia de ser loira.
Eu não.Sempre fui loira e sempre fui feliz assim (rs).
Eu gosto, demonstra minha paz interior.
Cazzo!
As vezes eu tenho vontade de perder a paciência com algumas pessoas...........
Principalmente quando o único que queremos é o bem dela..........
Acho que perdi meu guarda chuva.......Se você verificasse o tamanho do bruto.
Só uma pessoa como eu para perder um trambolho daquele!.
E chove pacas na cidade.......
Antes de ontem, estava eu sentada ao lado da cama de mamãe, assistindo à novela.
E claro, sempre comentamos algo sobre e opinamos e rimos.
E lá temos uma garota com anorexia.
Somente agora, 2 anos depois, quase 3, eu consigo relatar meus sentimentos daquela época tão tensa em minha vida.
E lembro as vezes em que meu estambago se retorcia de fome, mas eu fingia que não estava sentindo nada. Bebia água, muita água, foi o que me salvou ainda. Eu passava perto do restaurante do serviço, verificava o cardápio, e quando minha chefe me perguntava se eu tinha almoçado, eu dizia que tinha comido tal e tal coisa no restaurante da repartição.
Era um sentimento tão estranho. Colocar a comida no prato em doses bem pequenas. Meia colher de arroz, um pedaçinho de tomate e meia folha de alfaçe. Eu já não comia carne, nem frango, nem frutas. Bebia muita coca e café e fumava enormes quantidades de cigarro.
Eu sentia que não estava bem, mas o cerebrinho me fazia pensar que eu estava bem, que tudo ia dar certo e que eu precisava dormir muito. Mas eu não dormia. Eu passava horas olhando o teto. Rejeitava o mínimo de comida, ficava irritada, chorava copiosamente, perdi o tesão no meu namorado da época, brigavámos pelos mais inutéis motivos. Na faculdade sempre mantinha o sorriso na cara, não queria piedade de ninguém.
Todos viam que eu não estava legal, mas é difícil adimitir. Eu não admiti, até abril deste ano, quando por conta de uma infecção urinária, descobri que apesar do corpo estar tecnicamente cheinho, internamente eu estava dilascerada.
Foi uma época muito desesperadora. Aí quando vejo as cenas da novela, eu me desespero um pouco, mas já me sinto confortável em falar sobre, o que já é aliviante.
Sei que preciso de um certo tempo para me sentir bem. Ainda, tenho certos momentos em que comer é ruim. Agora que perdi o medo de vomitar, as vezes não consigo segurar a comida na barriga.
E choro.
Rimã comentou que me achou desanimada ao telefone.
Hoje me irritei. Com a chuva, com o trânsito, com a vida.
Ando com certas vontades incubadas. Querendo ir, vir, e ter e não ter.
As vezes me desespero com a minha ingratidão, com as minhas decepções criadas no egoísmo.
As vezes me sinto injustiçada e traída pela minha inimaginada sorte.
Queria estar por aí. Ou não estar em lugar algum. Detesto decidir, opinar e pensar no nada além do nada.
Sento na escada e choro. A crise que se instala, pode me trazer bons frutos e nessa carência afetiva eu dou meus murros em pontas de facas.
Quero o mais.