Se dê ao respeito, menina. Entende de uma vez por todas que o corpo é instrumento da alma. Entende que se a alma livre fala e o corpo preso se cala, a alma reprimida chora e morre um pouco. Sacia sua alma, menina. Faz as vontades dela. Aguça seus instintos e entende que ela precisa de você. Não mata sua alma de fome. Cuida dela, menina.
Para e pensa: o maquinário que reveste a alma foi minuciosamente projetado por alguém que entende muito mais de felicidade do que toda essa gente sem graça que repete regras anestéticas sobre o comportamento do corpo. Ri dessa gente ignorante, menina. Entende que quem legisla sobre o corpo não entende nada da alma. Tem piedade e diz a eles: vão cuidar das suas almas!
Entende de uma vez por todas que almas não têm sexo. Percebe que se sua alma necessita de entrega, o corpo também precisa se entregar. Não deixa as amarras do “você precisa ser difícil” cercearem a liberdade da sua alma. Sacia a sede dela. Entende que se eles julgam a alma pelo comportamento do corpo, são só um bando de desalmados. Sua alma não precisa de gente assim.
Entende que a liberdade é o bem mais precioso que sua alma possui. Não tira isso dela. Não deixa as armas do “ele não vai te dar valor” ferirem a sua alma. Nota que o valor já pertence à alma. Ninguém tira isso dela. Ela não precisa que ninguém lhe dê.
Respeita a sabedoria da alma, menina. Compreende que não existem regras mais eficazes do que aquelas ditadas pela sinestesia da alma. Só ela entende quem merece sua entrega, só ela percebe quais almas merecem conhecer a sua, só ela é capaz de guiar o seu corpo.
Se dê ao respeito, menina. Respeita as vontades da alma. Entende seu valor e não deixa essa ladainha machista paralisar o seu corpo. O corpo alimenta as vontades da alma. Se ele para, não tenha dúvidas: a alma morre.