segunda-feira, 20 de agosto de 2018

A gente pensa em desistir, mas segue firme...

Hoje eu comecei a semana descansada, mas em 5 minutos já  rola uma vontade de voltar para o útero da mamãe. Sério! quem inventou essa coisa toda de que ser adulto é massa?
A gente só quer não fazer, não decidir, não se responsabilizar, não se entregar, não se apaixonar, não se priorizar... Se esconder. Delegar para uma sósia as funções básicas. Procurar ajuda de um super poder que nunca existirá.
A gente pensa em desistir e não vamos ser hipócritas. Todos nós queremos apenas desistir. Porque dá trabalho demais. Viver.
Estou com essa preguiça há um tempo. Preguiça de discutir. De renovar. De restabelecer conexões. De responder mensagens. Pensamentos. De corresponder: raiva, amor ou inveja. De ligar. De recomeçar. De dar um gelo, um congelador, um iceberg. De reatar sentimentos adormecidos. De olhar para dentro, para fora, para o lado. De comprar, roubar, dar presente e passado. De me atentar aos fatos, aos relógios e aos choros da janela ao lado. De ouvir os vizinhos, os papagaios e o oceano. De pegar pela mão, pelo pé, pelo celular. 
A gente quer desistir porque é muito chato orar, rezar, gritar, colocar uma placa gigante de S.O.S e as pessoas esperarem a mensagem no facebook para entender que você quer desistir porque insistir dá gastrite. Porque eu aprendi ao torcer meu pé em uma noite fria de fevereiro, que é mais fácil desistir do que esperar que o outro seja legal, humano e esperto. 
Porque o outro nunca será metade do que você quer que ele seja. Deseja e luta. Ou você desiste ou irá desistir de si mesmo. Não adianta. A gente pensa em desistir.
Mas segue firme, porque os boletos estão ali na mesa de cabeceira e os problemas na chave do carro. A angústia está presente nos muitos copos de água que bebemos ao longo do dia. O medo está em cada sorriso que damos ou recebemos nas esquinas das ruas lotadas. E a vontade de gritar um palavrão gigante está bem ali na portaria do seu prédio. 
Mas sabe? Não vamos desistir não tá? Eu e você. Mentalmente. Vamos seguir, suspirando profundamente. Contando até 150 mil por segundo. Vamos seguir realizando, executando, elaborando, respondendo, criando, desculpando, rezando, comendo e amando. Vamos seguir firmes nos propósitos, nos consolos, nos conselhos e nas amarguras do sobe e desce do elevador. Jamais vamos desistir de mim, de você, da criança e do cavalo. Do engasgo da dor, e do sorriso que vem, quando nada mais é capaz de te desvencilhar do caminho.
O caminho, que será este. Fim.
Não desista. 
Eu não vou desistir.