sexta-feira, 5 de junho de 2009

Blush

Enquanto escuto minhas músicas, observo pela janela, pessoas, carros, a vida que segue paralela e alheia aos meus problemas, aos seus problemas.
O mundo lá fora, frio, nervoso, inconstante.
Ruas planejadas para o seco da cidade, das almas, da vida.
Eu com minha enxarpe colorido, flores, sorrisos.
A bolsa, bem maior do que eu mil vezes, carregada dentro de si, sonhos e estrelas, batom e blush.
Alegrar a minha insistente vontade de continuar a vida.
E a caminhar nas calçadas e olhar suas falsas vitrines com falsas promessas de consumo positivo.
Não há pássaros no momento. Somente o silêncio que brota nos galhos das árvores que pedem o seu socorro anual.
De uma lado a farsa e do outro a gana do sim, do quero, do posso, do vou conseguir.
Enquanto espero raios de luzes bem vibrantes, tipo rosa e laranja e verde. Todas as cores e um sorriso melecado por batons antigos. Prepare-se para a pintura de seu corpo nu.
E de suas flores esmagadas.

cores.

"Essa boneca tem manual"...........Diz a música da Vanessinha da Mata.
Eu não tenho manual. Mas sou uma boneca. Não inflável, sem vida, com aquele corpo mal feito e com um batom horroroso.
Eu sou uma boneca russa. Que tem vida própria, brilho e cores vibrantes. Que dança e representa a unidade da futura família.
Sou uma boneca elegante, uma barbie meio Marlin Monroe.
Sou a boneca que dança a boa dança do ventre e arrisca algumas outras, com a sensação do voo eterno.
A boneca que joga sinuca e bebe café. Escreve e dorme. Que gosta de lilás e música clássica, mas que tem Ivete Sangalo como inspiração.
Boneca que ama os sobrinhos, mas que não quer ter sua família.
Eu amo minha família.
Sou boneca de pano e xita, de laços e arcos e diamantes. Brinco de argola vermelha, bolsa laranjada, bota de couro e calça jeans. Estou na moda, na esquina, na escola. Frito um ovo, como sucrilho e amo toddynho.
Vivo das nostalgias alheias e vibro com o futuro conservador e crítico.
Tenho fé na palavra que vem da boca do insano. E espero pelo desespero do amor verdadeiro.
Acredito em Deus, compro um chaveiro e coloco as chaves de minhas futuras realizações.
Unhas vermelhas. Cabelos coloridos.
Que tal um vinho?. Sorvete?. Na virada da rua, te espero em meu carro amarelo!


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Sair de casa . decisão

No almoço hoje eu morri de rir.
Estavámos comentando sobre as dificuldades da vida e nem sei quando tocamos no assunto da saída de casa. Uma saiu para casar, a outra para morar sozinha e eu saí para morar com uma amiga.
Alguém na mesa vira e pergunta: "você é lésbica?".
Na hora eu me assutei, mas ri e disse: "não". A pessoa toda sem graça disse que perguntou, porque ela não conhecia ninguém que saíra de casa com todo conforto da casa dos pais para morar com uma amiga e que na mente dela essa seria a única explicação.
Saí do almoço e fiquei pensando no tempo que eu já levo morando com a minha amiga e no tanto de vezes que eu ouvi essa pergunta nos últimos tempos. Ninguém sabe ou entende porque eu saí de casa e nem precisa saber de fato, mas esse questionamento é no mínimo interessante. Por que morar com uma amiga é sinal de lesbianismo?. E o detalhe é que todo mundo sabe que ela tem um namorado fixo há um certo tempo..Manager?.
Por sorte, saí por querer mais de mim. Por querer mais de minha mente, de minhas competências e de minha liberdade propriamente dita. Meus pais sempre foram maravilhosos, mas eu e meu espírito confuso e cheio de vontades, decidiu se aventurar em um momento único de crescimento. E adoro a experiência, adoro a sensação de que sou adulta e que tenho meus próprios sentimentos mais profundos. Não odeio meus pais, muito pelo contrário, eu acho que essa experiência é positiva para nós 3. A convivência de pais e filhos com o tempo precisa ganhar novos status e eu particularmente não queria esperar que alguém se casasse comigo para que eu pudesse experimentar o gostinho de viver fora de casa. Certamente, eu saíria dali para casar com uns 40 anos e eu sei que até lá algo poderia desandar de vez, porque são 3 pessoas completamente diferentes, mas minha mãe tem a meu pai e vice-versa, eu precisava conquistar meu espaço e eu ainda preciso disso. E sei que fora das asas maternas e só assim eu poderia sentir isso, o de ter a mim e minhas ilusões realizadas.
Não saí por gostar de mulheres. Saí por gostar de mim. E continuo amando meus pais, acho que hoje até mais que o realmente necessário..........E real! Mais verdadeiro e lindo!
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