segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Todo Carnaval tem seu fim.

Há um ano, em plena Salvador, eu vi aquela Karla, feliz, sem medo e sem dor, se transformar em um fiapo de mulher, sem esperança em si, perdida, solitária e com o coração em frangalhos.
De 10 a 14 de fevereiro de 2018 eu perdi, me perdi, me vi na avenida, em meio a tanta alegria, triste. Foram dias onde eu fingi felicidade, mas lá no fundo eu já queria desaparecer. Minha intuição não falharia, eu terminaria naquela cidade de tanto axé, na escuridão de uma profunda depressão. 
Quando lembro daqueles dias e tudo que passei, ouvi e senti, penso que poderia ter sido tudo diferente. Se eu tivesse dito não quero mais alguns meses antes, se eu tivesse tido coragem de dizer que eu não queria aquele tipo de relacionamento, talvez eu não tivesse realizado meu sonho de ir à Salvador, mas teria me poupado de um sofrimento que quase que eu trouxe comigo no ano novo. 
Mas eu aceitei aquela relação doente, suja e sem sentido, e já não me questiono o porquê, apenas aceito e bem lá no fundo agradeço. 
Apesar de depois, ainda ter vivido uma relação também ruim, eu aprendi naquele carnaval do ano passado, que algumas coisas não são feitas para o nosso coração.E eu aprendi com todas as lágrimas que derramei a partir da quarta-feira de cinzas, que as escolhas precisam ser baseadas em sentimento próprio, naquele amor próprio que tanto falta ao mundo, aos seres, aos corações.
Eu perdoo, tanto quem destruiu meu coração, tanto quem riu disso, tanto quem desejou que eu seguisse no fundo do poço. Eu desejo à estes dois queridos que me fizeram tanto mal, que eles sejam muito felizes, eu jamais passarei o resto da minha vida com ódio. Atravesso minha escuridão, ainda colhendo cada pedaço largado na caminhada, mas com uma rede de apoio, muita oração, joelho no chão e gratidão.
Eu agradeço por este Carnaval. Lembro com muita emoção quando pisei naquela avenida, quando vi cada trio, lembro cada música, cada momento bom, porque tiveram tantos. Mas acima de tudo agradeço a Deus por me dar todo suporte para não perder aquele fio de esperança. 
E vem um novo Carnaval. Não mais em Salvador, porque eu já não faço questão de pisar lá, e sei que nunca esquecerei o lado A e o lado B do que vivi ali, mas sei que agora, mais fortalecida, seguirei acreditando que nada é por acaso.
Obrigada a cada alma generosa, familiares, amigos, colegas de trabalho, parceiros nos eventos, alunas, vizinhos... cada um que me segurou para que eu pudesse estar aqui hoje melhor do que há um ano.