sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Tem que ter algo em comum

Há muitos anos que eu venho tentando, em vão, encontrar minha alma gêmea, a tampa da panela, o sapato velho para meu pé cansado. 

Confesso que é um tanto quanto chato começar relacionamento e é sempre muito doloroso, embora eu já tenha me acostumado, terminar relacionamento.

O que me cansa é toda aquela contação de história, de manias, de medos, de vontades, que compartilhamos quando conhecemos alguém. Deve ter sido por isso que me empolguei tanto quando me relacionei com um amigo de longa data, pois na minha cabeça, como ele tecnicamente já me conhecia, seria muito fácil. 

Mas não foi. Ao contrário do que eu imaginei, ele não me conhecia o suficiente, e ao descobrir que existia uma diferença absurda entre a Karla amiga e a Karla namorada, a decisão mais óbvia para ele foi terminar a relação. 

Justo. Ninguém é obrigado a se relacionar comigo, muito menos se quem eu sou não agrada. 

E volto a pedir a Deus uma pessoa que tenha algo minimamente em comum comigo. Que além de um sentimento verdadeiro, não se choque, e nem queira me mudar. 

Uma coisa que me deixa bem triste, é que eu sempre tento me adaptar ao estilo do outro, o que me leva no geral a me relacionar com pessoas bem diferentes mesmo. Nunca vi problema. Mas os caras não. Eles não fazem a mínima questão em entender o meu mundo.

E o quê tem de diferente no meu mundo? 

Talvez o fato de eu fumar e beber, já deixe a história toda cabulosamente complicada. Tanto é que conheci uma pessoa que comentou que seria difícil se adaptar, mas que tentaria. No primeiro encontro acabou deixando bem claro, que eu teria que inclusive, esconder da família dele, caso viesse a conhecer. 

Decidi depois de dizer gentilmente que meu sentimento por ele não era verdadeiro o suficiente para abandonar os hábitos nocivos, voltei ao que eu sempre mantenho vivo em meu coração: só vou me relacionar com quem estiver efetivamente me amando, ao ponto de esperar um pouco de tempo de relacionamento para tentar me mudar. Ou de preferência que espere que eu mesma faça isso, sem sofrimento.

Sou tão, digamos azarada, que conto nos dedos de uma mão, caras com quem me relacionei que gostem de dançar, que gostem de trabalhar, que gostem de futebol, bar, cerveja e que não me condenem pelo meu vício. 

Não estou dizendo que ah fumar é legal e tudo mais, mas eu não escondo isso, e sei que vou parar, mas agora, eu não quero parar. Assim como não quero parar de dançar, de trabalhar muito, de ir em barzinho e amar futebol.

Então, que no fim desta primeira semana de 2021, agradeço a Deus por ter me livrado do último relacionamento, porque eu imagino que com o tempo eu poderia surtar, aceitando tanta coisa contrária ao meu estilo de pensar e viver e principalmente, por não ter tido um segundo encontro com a pessoa que muito provavelmente, em um futuro não muito distante, acabaria por me irritar, querendo me mudar completamente.

Então que reforço aqui que eu não gosto de homens que usem drogas, mas aceito quem bebe e fuma cigarro normalmente, nada de sair caindo por aí. Gosto de homens que dancem, ou que se não dancem, não me torrem a porcaria da paciência porque eu gosto de dançar. E por favor, preciso de alguém que entenda o valor do meu trabalho, da minha energia que não acaba nunca, que respeite o fato de que eu sou louca por futebol e não entendo nada de coisas nerds. 

Seria pedir muito? 

Provavelmente sim. Mas estou jogando ao universo isso, para ver se desta vez eu não me meto com quem não tenha nada a ver comigo. 

O poder do perdão

Sei que sou uma pessoa mediana para conviver. Nem é tão ruim, nem é tão bom. Antes, isso me incomodava demais, hoje, aprendi que eu sou humana, e infelizmente, não acertarei tanto quanto gostaria.

Mas eu tenho uma característica muito forte, que é o perdão. E o perdão consiste em esquecer o quê nos fez mal. 

Confesso que não é algo simples. Demoro a perdoar, mas também, quando isso acontece, o caminho fica muito mais leve.

E eu te perdoo. Você que há pouco me fez muito mal. E perdoo você que há muito tempo me fez mal. Afinal, são quase 37 anos de vida, então que nem todo mundo foi fofo comigo. 

O perdão à quem me fez mal há pouco tempo, obviamente ainda está sendo trabalhado. Porque eu ainda estou me recuperando da falta de lealdade. 

Costumo lidar muito bem com chifre, mas não sei lidar muito bem com quem me é desleal. E você, em específico, me foi desleal em um nível absurdamente alto. 

Quando esta pessoa ler este texto, espero que ela se identifique. Porque ela era a pessoa em quem eu mais confiava e acreditava ser diferente. Achava que seria impossível que ela fosse capaz de me decepcionar, me magoar, me derrubar no chão e pisar em meu lindo rosto. Mas aconteceu desta pessoa simplesmente ignorar o meu sentimento e me decepcionar, me magoar, me derrubar no chão e pisar em meu lindo rosto.

Quando penso nisso, relembro o quanto eu pisei em ovos, justamente porque, conhecendo a história de vida, eu não queria magoar, não queria decepcionar e tenho certeza que eu jamais derrubaria esta pessoa no chão e pisaria em seu lindo rosto. 

Mas nem tudo nesta vida é vivido com reciprocidade, e, nem sempre, o bem que fazemos nos é devolvido. E está tudo bem.

Vou perdoar esta pessoa, por todo mal que ela me fez. Por todo sentimento ruim que, muito provavelmente, ela não faça ideia que ela fez ressurgir em meu coração. Irei perdoar, porque não sou eu quem faz a vida girar, embora, do fundo do meu coração, eu não seja vingativa e quando falo que não desejo que aconteça com ela o que ela fez comigo, eu falo de coração. 

E como diz minha sobrinha: vamos focar no Bolshoi Cerimonial, que eu tenho absoluta certeza que não me decepcionará, não me magoará e nem me derrubará no chão e pisará em meu lindo rosto.