Há muitos anos que eu venho tentando, em vão, encontrar minha alma gêmea, a tampa da panela, o sapato velho para meu pé cansado.
Confesso que é um tanto quanto chato começar relacionamento e é sempre muito doloroso, embora eu já tenha me acostumado, terminar relacionamento.
O que me cansa é toda aquela contação de história, de manias, de medos, de vontades, que compartilhamos quando conhecemos alguém. Deve ter sido por isso que me empolguei tanto quando me relacionei com um amigo de longa data, pois na minha cabeça, como ele tecnicamente já me conhecia, seria muito fácil.
Mas não foi. Ao contrário do que eu imaginei, ele não me conhecia o suficiente, e ao descobrir que existia uma diferença absurda entre a Karla amiga e a Karla namorada, a decisão mais óbvia para ele foi terminar a relação.
Justo. Ninguém é obrigado a se relacionar comigo, muito menos se quem eu sou não agrada.
E volto a pedir a Deus uma pessoa que tenha algo minimamente em comum comigo. Que além de um sentimento verdadeiro, não se choque, e nem queira me mudar.
Uma coisa que me deixa bem triste, é que eu sempre tento me adaptar ao estilo do outro, o que me leva no geral a me relacionar com pessoas bem diferentes mesmo. Nunca vi problema. Mas os caras não. Eles não fazem a mínima questão em entender o meu mundo.
E o quê tem de diferente no meu mundo?
Talvez o fato de eu fumar e beber, já deixe a história toda cabulosamente complicada. Tanto é que conheci uma pessoa que comentou que seria difícil se adaptar, mas que tentaria. No primeiro encontro acabou deixando bem claro, que eu teria que inclusive, esconder da família dele, caso viesse a conhecer.
Decidi depois de dizer gentilmente que meu sentimento por ele não era verdadeiro o suficiente para abandonar os hábitos nocivos, voltei ao que eu sempre mantenho vivo em meu coração: só vou me relacionar com quem estiver efetivamente me amando, ao ponto de esperar um pouco de tempo de relacionamento para tentar me mudar. Ou de preferência que espere que eu mesma faça isso, sem sofrimento.
Sou tão, digamos azarada, que conto nos dedos de uma mão, caras com quem me relacionei que gostem de dançar, que gostem de trabalhar, que gostem de futebol, bar, cerveja e que não me condenem pelo meu vício.
Não estou dizendo que ah fumar é legal e tudo mais, mas eu não escondo isso, e sei que vou parar, mas agora, eu não quero parar. Assim como não quero parar de dançar, de trabalhar muito, de ir em barzinho e amar futebol.
Então, que no fim desta primeira semana de 2021, agradeço a Deus por ter me livrado do último relacionamento, porque eu imagino que com o tempo eu poderia surtar, aceitando tanta coisa contrária ao meu estilo de pensar e viver e principalmente, por não ter tido um segundo encontro com a pessoa que muito provavelmente, em um futuro não muito distante, acabaria por me irritar, querendo me mudar completamente.
Então que reforço aqui que eu não gosto de homens que usem drogas, mas aceito quem bebe e fuma cigarro normalmente, nada de sair caindo por aí. Gosto de homens que dancem, ou que se não dancem, não me torrem a porcaria da paciência porque eu gosto de dançar. E por favor, preciso de alguém que entenda o valor do meu trabalho, da minha energia que não acaba nunca, que respeite o fato de que eu sou louca por futebol e não entendo nada de coisas nerds.
Seria pedir muito?
Provavelmente sim. Mas estou jogando ao universo isso, para ver se desta vez eu não me meto com quem não tenha nada a ver comigo.