quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Precisamos falar sobre depressão.

Obviamente que sendo quem sou, Secretária, Cerimonialista e Jornalista por vocação, falar sobre isso deveria ser proibido. Tenho uma rede gigante (a Influencer) de seguidores e pessoas que acreditam em mim e que ao ler este texto podem achar que não sou a pessoa adequada, principalmente para cuidar do sonho delas. 

Mas eu sempre fui peito aberto e as redes sociais meu diário. Não tem quem me conhecendo, não concorde e quem não me conhece passa a conhecer, porque eu falo mesmo. 

Poderia ser diferente? Poderia me guardar, me preservar e tudo mais? Poderia. Mas neste assunto, não. Espero poder ajudar. O meu relato aqui é para isso. 

Então que depois de muitos anos convivendo com minhas dores da alma, resolvi escutar o conselho de uma galera e procurei ajuda de uma profissional. Eu achava frescura e me sentia capacitada em resolver meus próprios problemas. 

Até que desde o dia 24 de dezembro, me senti caindo em um abismo, e esse abismo me corroeu o pouco de noção que eu tinha sobre mim. Passei a não dormir, não comer direito, falta de ar, angústia e muita vontade de morrer. Muita mesmo. Pensava nisso o tempo todo, e graças a Deus quando tentei, tive medo de não dar certo e acabar sobrevivendo e dando ainda mais trabalho. 

Muita coisa contribuiu para que eu chegasse neste ponto. Mas o que desencadeou a crise, com certeza, foi o fim do meu relacionamento. Não durou muito tempo e era um amigo de anos, o que me fez, novamente, duvidar de minhas capacidades como mulher. Me senti muito mal, me senti infeliz e perdida, porque não era um amor de 2 meses, era um amor de 5 anos que eu havia guardado e que achei que seria para sempre. 

Assim como tudo em minha vida, não foi para sempre, e eu caí. Várias outras situações pioraram o quadro e eu me vi em 2018, quando tive uma crise igualzinha e com pensamentos suicidas me acompanhando ao longo do dia. 

Até que deu. Acordei um dia sem ar, chorando e a boca machucada de tanto apertar os dentes. Estava decretado ali que sozinha eu não conseguiria sair dessa. E com a ajuda de uma colega de trabalho, encontrei a pessoa que se comprometeu em me ajudar, até que eu me restabeleça e me reencontre. 

Sei que o caminho é longo. Essa crise é só o acúmulo de tensões, problemas que vou jogando para debaixo do tapete, situações em que eu me coloco sem querer por não saber dizer não e principalmente, amores que vivi sozinha. Meu ciclo vicioso está em não acreditar em mim, mas ir fazendo as coisas, com medo ou não, pelo fato de que eu sempre achei que era normal viver angustiada, insegura e fragilizada. 

Graças a Deus eu estou tentando. Estou lutando internamente para me recuperar e logo. Assim como tudo em minha vida, eu quero para ontem, então que espero muito em breve ter resgatado o que sei que eu tenho de bom dentro de mim e que somente eu poderei resgatar. 

Graças a Deus também, por todos esses anos, mesmo em meus piores momentos, eu cumpri todos os meus compromissos, pessoais e profissionais, com vontade e coragem. E confesso que o que me segura muito neste mundo é o meu lado profissional, porque é a coisa mais importante para mim. 

Gostaria de pedir desculpas à todos que eu envolvi em meus momentos de crise, antigas ou futuras, porque eu sei que o processo não dá resultado da noite para o dia. Pessoas que magoei em algum momento de desespero com alguma frase, com alguma atitude e até mesmo com meu silêncio, porque é fato que quando a cabeça está quente, eu no geral me silêncio. 

Precisamos falar sobre depressão. Não pode ser um tabu. E eu sei que nem todo mundo é obrigado a me apoiar, até porque a grande maioria vive exatamente o mesmo estado de dor que eu vivo. Eu te entendo quando sua paciência comigo se esgotar. 

E vou. Estou indo. Um dia por vez. Hoje melhor do que ontem, mesmo com medo do próximo momento. Existe um medo de que as crises voltem, que a angústia me paralise ou me leve a cometer algum ato desesperador. 

Mas a médica me disse o que eu realmente precisava para criar coragem e assumir este momento: você Karla, não é um robô e ainda que algo seja culpa sua, não é, porque o mundo gira sem você, mas você precisa girar neste mundo também. Você está viva!

Agradeço à minha sobrinha Anne, minha irmã Katia e minha amiga Gaby: as principais responsáveis, cada uma do seu jeito, a não me deixarem cair. Agradeço à várias outras pessoas que se afastaram por não me suportarem doente. Eu entendo vocês. 

E espero que logo as coisas voltem ao minimamente normal. Espero resgatar preciosos respiros, sonos profundos e uns quilinhos a mais. 

Só quero que o dia termine bem. 

Amanhã, também.