quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

2022

Estou um pouco fixa em números. Ontem, meu texto tinha um número: o 74. Hoje, um número e um ano.

Era para fazer uma retrospectiva. Mas ainda falta um pouco mais de uma semana para acabar o ano e eu sigo sem vontade alguma de atravessá-lo. 

Mas atravessando um 2022 esquisito, calmo e sem destino, estamos quase todos em 2023. 

Este ano me ensinou algumas poucas coisas, que prefiro nem colocar em prática porque estou muito cansada. Cansada de pensar, vou levando caminhos que sobem e descem, como uma gangorra espinhosa. 

Espinhos.

Existiram tantos este ano, que meu corpo coça e a alma, padece.

Mas é preciso ser grato. 

Ao prato de comida, à vacina, à família que ainda não se desintegrou. Ao trabalho que você deseja assassinar, mas que não pode, de jeito nenhum. As contas, que vem, e com uma força de uma tromba d'água. Aos projetos que saíram do pensamento, porque nem ao papel foram, porque era muita coisa para lavar e passar e jogar fora. 

E cada um em sua bolha, seja ela bonita ou não, vai vivendo. Ano após ano, dias e dias, horas à fio. Solitário. Acompanhado. Escondido. 

Já nem sei, pessoalmente, se quero sonhar para 2023. 

Se sonhar algo que seja... sobreviver. 

Mais um ano.