quarta-feira, 1 de julho de 2009

O medo de perder o importante

Hoje eu vi o quanto tenho medo da morte, do imprevisto e do susto.
Fui com mamãe ao Laboratório. Aproveitei fiz um lanche, comi todos os pães de queijo que teoricamente eram para os pacientes e tomei chocolate quente.
Saí para resolver um problema para meu chefe e minha mãe decidiu que voltaria sozinha para casa, que é há 10 minutos da onde estavamos.
10 minutos depois eu liguei e nada dela atender ao celular. 15 minutos depois de novo e nada. Comecei a ficar em um certo pânico. Em um determinado ponto o meu celular não pega, então assim que saí liguei de novo e nada.
Desespero. Comecei a imaginar que mamys teria caído, ou sido atropelada, ou roubada, ou sei lá, sequestrada!!!! Comecei a suar e a pensar tudo isso estericamente interna.
Depois de quase 40 minutos tentando ela atendeu e explicou que havia deixado o telefone no carro, antes de sair para os exames.
Alívio. Na hora eu quase chorei, de medo, de insegurança, de pensar que algo poderia ter acontecido com ela e eu poderia ter evitado indo com ela até em casa.
E senti que apesar de ter a cabeça fora do lugar, de ser estrambelhada e imatura, o cuidado que tenho com o que eu amo é extremamente verdadeiro e sincero. Senti medo por saber que minha mãe é meu porto seguro e sem ela eu não consigo ir muito longe. Posso ser uma filha diferente dos outros filhos, mas lá no fundo eu sei que o que sentimos uns pelos outros é bem de coração.
E quando eu a abracei na despedida hoje, eu saí muito emocionada e mais uma vez agradeci por ela estar aqui comigo.

O russo que eu não peguei!

Estava com mamãe e lembrei do Andrei. Loiro, 23 anos, segurança da Embaixada do Brasil em Moscou. Comecei a paquerá-lo com 13 anos, mas sempre achei que ele não me daria bola. Aos 14 eu já estava fascinada pelo jeito como ele me tratava e me acompanhava à escola.
Acabei namorando um brasileiro aos 15 anos. Ele ficou muito triste, mas nós sabiámos que eu viria para o Brasil e que namorar estava fora de cogitação. Em meu aniversário me presenteou com uma caixinha russa e escreveu para mim. Nossa despedida foi traumática e confesso que uma das coisas que farei quando voltar à Moscou é procurá-lo.
Tudo porque uma brasileira feia e fedida que se dizia minha amiga, logo depois que eu vim embora foi contar ao meu pai que eu namorava o Andrei, que ela me viu varias vezes agarrada à ele antes de ir para a escola.
E hoje me bateu um arrependimento daqueles. Confessei à mamãe que se eu soubesse que ela inventaria isso eu teria realmente me agarrado com ele. Teria levado a fama com o feito, e certamente teria beijado muito. Mas não, fiquei moscando. E hoje estou chupando os dedos.

Intensificações

Hoje eu tive a conversa desabafo com a pessoa que queria, mas ainda não estou satisfeita não. Falta o olhar, o gestual, falta verficar se tudo que foi dito é de verdade ou apenas letras digitadas sem uma observação, sem o bom senso.
Tive um dia agitado, resolvendo coisas e coisas e ao mesmo tempo uma angústia que não parava de crescer.
Fico com vontade de sair por aí sem rumo, sem olhar para trás, de jogar fora, de resgatar.
Me convenci que toda a minha intensidade tem um custo muito alto para mim. Eu me apaixono, desapaixono, começo, termino, gasto e economizo, rio, choro, tudo de forma muito forte. Quando eu quero, eu quero, quando eu amo, eu amo, quando eu odeio então é de uma fortaleza sem fim. Luto pelo que quero na mesma velocidade com que abandono projetos e amigos e sonhos.
E é assim que recrio minha lama e transmito a sensação de uma constante felicidade que desaparece no pôr do sol e que me assombra na calada da noite.
Escrevo e desabafo, tomo meu chá e aguardo com que intensidade amanhecerei para o próximo passo.