sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O fusca

Ontem vi de longe um amigo, bem amigo de um ex-namorado.
aí olhando discretamente para a fisionomia estranha dele, comecei a lembrar do meu ex. Não com saudades e sem nenhuma petensão de tal sentimento.
Lembrei que o rapaz tinha um fusca branco, velho, feio e fedido. Claro que no começo, amei né?. Não sou Maria Gasolina, mas eu havia me mudado para um lugar sem transporte público e ter um namorado com carro na época era um trunfo daqueles!.
Mas eis que o fusca, passou a ser o meu maior pesadelo. O cara passava mais tempo alisando o carro, que comigo. E não era frescura minha não, porque todos reparavam o amor maior entre ambos. Achava super fofo, mas no treceito mês, eu me emputeci literalmente. Depois é claro dele quase provocar um acidente daqueles com uma grande amiga minha dentro do carro.
Soltei os cachorros, até que ficou evidente que a paixão dele pelo carro era muito maior que por mim. Era engraçado até. Aliás hoje eu acho extremamente natural e até prefiro que tudo tenha acontecido dessa forma.
Mas eu fiquei com muita raiva de Fuscas. Não posso ver um que lembro das ceninhas que ele armava só para ficar lá, horas limpando, coçando em cima do carro. A pior parte foi a compra de um mega-power-ultra som, que fez o carro parecer uma boate móvel. Aí ninguém segurava a criatura. Desgastes à parte, hoje, anos depois, eu acho muito engraçado relembrar as cenas. E agradeço ao tempo, por curar e por fazer pesadelos virarem piadas nacionais.
Ele casou. A única coisa que ainda sei sobre ele. Sem nostalgias nesse sentido, me livrei de um fusca e de maus amores. Essa é a parte mais importante de minha vida, me livrar do que realmente não serve para mim.
Faltam 179 textos para eu poder bater a minha meta de mil textos no blog. Se eu continuar ativa e disposta, com certeza chegarei lá, com muita alegria.
Ontem consegui finalmente fazer a minha inscrição para um curso rápido de Gestão de Eventos. O pessoal do curso adorou saber que morei fora e obviamente acabei contando pela milésima vez algumas partes dos anos em Moscou, na Argentina e de minha visita à Londres. As pessoas as vezes me acham metida por isso, mas na verdade o que exsite em mim não é metidez, é uma eterna nostálgia de tempos felizes e cultos.
Sinto sim muita falta de Moscou. Principalmente da neve, e de algumas pessoas que lá ficaram. Mas o que eu mais sinto falta é do cheiro de cultura que exalamos diariamente. Livros à nossa disposição, de graça. Lá eu lia, muito mais do que eu leio aqui. Eu pegava a chave da Biblioteca, e ficava horas lá dentro (em minha escola não tinha um bibliotecário), porque lá cada um se responsabiliza pelo seu crescimento intelectual.
Quando cheguei na Rússia, lembro que eu não lia nem gibi da turma da Mônica e em minha terceira semana na escola a diretora me chamou. Eu não entendia o Russo, e ela falou comigo em Espanhol. Ela me explicou que lá, se eu reprovasse seria expulsa da escola. E que ela me aconselhava a começar a ler. Ela perguntou se eu gostava de ler, disse que não. E ela riu e me disse: "olha menina, ou você se esforça e se adapta, ou você sofrerá as consequências infinitamente várias vezes, e doi, porque nós somos um povo muito difícil de conviver.".
Chorei bem ali, com medo, com vergonha, com insegurança de minhas capacidades intelectuais e me arrependi das várias vezes em que perdi tempo vendo TV.
Mas valeu a pena a bronca. Em 4 anos eu me adpatei tanto ao país, que terminei o ano em 4º lugar no ranking de alunos mais dedicados. (Lá eles fazem essas estatísticas na escola como incentivo).
Tudo valeu, cada segundo. Aprendi a gostar de ler e fazer da leitura uma fonte de isnpiração para meus textos e para a minha vida pessoal.
Aquela diretora mudou a minha vida e serei sim muito grata sempre!