sexta-feira, 23 de outubro de 2009

" Quanto mais me despedaço, mais fico inteira e serena." Cecilia Meireles
"O perigo do sexo é que você pode se apaixonar. O perigo do amor é virar amizade"
Arnaldo Jabor.

Meu médico afirmou que estou fora da zona de perigo. Ainda com anemia, mas por dentro o corpo tem reagido bem aos alimentos e mesmo em alguns momentos eu andar colocando os bofes para fora, não está atrapalhando o desenvolvimento da dieta e muito menos da terapia. Eu desenvolvi uma gastrite, então vomitar é tecnicamente natural.
Mas aí ele me perguntou como eu me sentia. Ele sempre me pergunta isso. As vezes até fico irritada. Poxa, como eu me sinto?.
E mais uma vez respondi, que me sentia gorda e que me sentia perdida. Assumir isso diante de seu ego é doloroso. As vezes tenho a sensação de que vou me olhar no espelho e me achar bem, nem gorda, nem magra, mas tudo o que eu vejo é um monte de carne acumulada.
Sofro menos com minhas angústias e medo. Sou insegura ora pois, recrio falas e cenas a cada 5 minutos. Choro pela balinha comida depois do almoço, ou pelo chocolate no meio da tarde. Se o alimento no prato pessar 500 gramas, eu tenho vontade de devolver tudo no restaurante. Me sinto presa, amassada e as horas passam e eu continuo me sentindo presa e amassada. Um ciclo de gordura pré-criada a partir daquela insegurança social.
Mas eu tenho consciência disso e apesar de todas as sombras, eu me sinto bem, porque eu sinto que seria injusto, reclamar diante de tantas outras coisas legais acontecendo.
O médico pediu para eu não entrar em pânico. 45 kilos não é assim uma tragédia. Pelo sim e pelo não eu almoçei bem, mas manterei um ritmo leve pela tarde. Sem neurose......(rs).Pelo menos por hoje.

O caminho mais bonito que já percorri até hoje em minha vida, pelo menos até agora, foi um caminho que ia de Moscou até Serguei Passad. Nesta região fica um Mosteiro, onde padres Ortodoxos se preparam para a vida religiosa.
Certa vez, fazia muito frio. Muito que eu digo , - 30°. As vezes, acordavámos com vontade de passear e como meu irmão estava nos visitando lá, fomos. Nevava, e era cedo, mas estavámos bem aimados.
O caminho estava branco, mais tão branco!!. Para mim parecia o céu. Parámos para tirar foto. Havia um lago e como estava congelado, pessoas passeavam nele e paravam lá no centro para pescar.
Nunca esqueci a cena. Meu irmão parado, observando, maravilhando tudo aquilo.
Cada dia na Rússia, parecia um sonho. E ainda o é. Pelo menos para mim, parece que tudo foi um sonho.
E fico pensando, em quantas curvas e quantas sinalizações existem em nossos caminhos. Quantas paisagens diferentes e companhias diferentes.
A vida é sempre um novo caminho, a cada novo dia!.




Autor(a)da photo: Johnny