sexta-feira, 12 de setembro de 2008

a vida é redemoinho
corre, vira, revira, inverte
sopra vento, cai chuva
e o sol a brilhar
a vida é sorvete de chocolate
escorre pelos dedos
a gente se lambuza
e nem vê passar
a vida é primavera
flores azuis verdes amarelas
colorido daqui até lá adiante
só pra variar
a vida é laço de fita
cetim brilhante vermelho-carmim
a surpresa do presente
o brilho no olhar
a vida é mergulho
o instante antes da queda
a subida da montanha-russa
a falta de ar
a vida é isso aí
não tem roteiro, não tem juiz
acontece, embola e desembola
e os pés a caminhar
a vida, assim:
sei-não sei, vou-não vou
penso assim, quero assado
e a cabeça a girar
vida-furacão
vida-tempestade
vida-calmaria
vez emquando
flutuar
e o que tiver que ser
e o que tiver que vir
uma velha canção ao fundo
'que será, será'

eu vou assim
meu caminho todo dia
rindo do que for pra rir
se for o caso até chorar
eu tenho traje
pra todas as ocasiões
"Não deixe portas entreabertas.
Escancare-as ou bata-as de vez.
Pelos vãos, brechas e fendas
passam apenas semiventos
meias verdades
e muita insensatez."
(Cecília Meireles)