terça-feira, 23 de março de 2021

O que você deixou de ser quando cresceu?

Achei esta pergunta no instagram e fiquei um tempo refletindo para vir escrever. 

Daqui a uns dias eu completo 37 anos e as vezes eu não acredito que estou neste momento, chegando quase aos 40 anos. Nunca imaginei mesmo, quando era criança, que o tempo pudesse passar tão rápido. 

E respondendo à pergunta: 

Eu deixei de ser leve. 

Eu era uma criança muito alegre, sonhadora, falante. Eu queria ser jornalista e já era uma, escrevendo o tempo todo, tagarelando. Também já era líder, pois não aceitava ninguém mandando em mim. E também, acredito hoje, que eu era cerimonialista também, porque eu adorava planejar as festas com a mamãe, ajudar, antes, durante e depois e ainda perguntava se alguém estava precisando de algo. Era espontânea. Risonha. Confiante. 

Eu deixei de ser sonhadora. 

Na adolescência fui perdendo um pouco desse sonho livre. Fui assumindo responsabilidades muito cedo, nada voltado à trabalho, mas eu tinha uma sobrecarga mental muito intensa. Sofria dias pensando em coisas que, no final, não eram nada demais. Me envolvi muito cedo com um universo de pressão interna, cobranças com relação ao futuro profissional e criei meu próprio mundo, de lágrimas e angústias. 

Eu deixei de ser criança.

Não cresci no tamanho, mas me tornei quando cresci por dentro, uma pessoa muito mais amargurada. Até faço o que tenho que fazer, enfrento o que preciso enfrentar, trilhei até aqui um caminho profissional de muita luta, dedicação e respeito. E doei meu coração à pessoas e situações que me deixaram cansada. 

Me tornei uma adulta cansada pelas dores da alma. Pelas críticas, quase sempre por eu ser quem eu sou, pela vontade de acertar mas acertando em futilidades e depressão. 

Cresci até demais. 37 anos, mentalidade amadurecida, quase envelhecida. Em determinados dias, me perco um pouco e sou bobalhona, brincalhona e cheia de não me toque. De repente me lembro, que é esta intensidade e excesso de liberdade que me afastam do que me cerca e das poucas pessoas que ainda acreditam em mim.

Para meus próximos anos, desejo saúde. E que eu torne todos os meus lapsos em estudo, silêncio e força.