segunda-feira, 11 de maio de 2020

Fina Estampa

A Globo, impedida de gravar suas novelas, está reprisando alguns de seus maiores sucessos. Já tivemos Avenida Brasil e sua vilã master, Carminha. E no horário das 21 está reprisado Fina Estampa, que é do ano de 2011 e que permanece muito realista. A novela trata da rivalidade da Pereirão e da Socialite Tereza Cristina. 

Pereirão, vivida pela Lilia Cabral é viúva, mãe de 3 filhos e os criou fazendo consertos em casas. Tereza Cristina vivida pela linda Cristiane Torloni, passa a odiá-la depois que sua filha se envolve com um dos filhos do Pereirão. 

E aí que a gente analisa alguns perfis da novela e entende porque ela é tão atual. Temos de tudo: uma mulher batalhadora, pobre, mãe solo, que sustenta a família com o trabalho digno. Ela até ganha na loteria, mas isso não muda seu perfil honesto e família. 

Por outro lado temos a gananciosa, inescrupulosa, mau caráter e mimada, Tereza Cristina. Ela faz de tudo para humilhar seu marido, sua filha, seu irmão, sua tia e seu mordomo, o carismático Crô.

E a novela trata dessa eterna batalha entre o bem o o mal, entre a honestidade e a mentira. O usar de artimanhas para o alcance de objetivos à qualquer custo.

Mas a personagem da Torloni é a que mais impacta. Ela é homofóbica, gordofóbica, xenofóbica. Usa palavras como feio, pobre, biba, múmia, lesma, burro, assim como se estivesse elogiando. Ela é tão mau caráter que chega a propor que sua filha realize um aborto somente porque ela está grávida de um pobre, que vem a ser filho de sua inimiga. 

E o quê isso tem a ver com o hoje? Tudo! Porque o que existe de gente fina, elegante e sincera que acha que ter dinheiro é sinal de honestidade. Que trata o outro que não seja de seu nível social como se fosse um animal. Que despeja sua opinião maldosa e não tem um pingo de empatia pelo mundo que cerca seu umbigo. 

Eu assisto a novela primeiro porque sou noveleira assumida, mas segundo porque mesmo muito agoniada com as cenas da Tereza Cristina, eu consigo refletir sobre quem sou e sobre quem me cerca. Ando tão mexida com todas essas questões, que estou deixando de lado amizades que não tem empatia pelo outro, principalmente em tempos tão difíceis. Eu não sou de fazer caridade, e quando faço eu não costumo mostrar não, mas tenho tentado fazer o mínimo pelo próximo. Acho que é importante não sair se vangloriando nas redes sociais, porque tem um tanto de gente que está em situação precária. 

O que esta novela tem me ensinado, não tem como descrever. Tenho me fortalecido como cidadã e como mulher que luta pela minha sobrevivência, sem humilhar, sem me achar melhor do que ninguém, sempre dentro da honestidade, das lições aprendidas com minha mãe. Sorte que apesar de tudo, temos muitos Pereirão por aí, que atuam no mundo com humildade e bom senso. 

É disso que o mundo precisa. Nunca de autoritarismo e achismo.