quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

31 anos - dia 01

E hoje 26 de fevereiro eu venho dia após dia dividir com vocês as dores e as alegrias desses muitos anos de vida que completarei, se Deus quiser, dia 28 de março de 2015.
Eu adoro fazer aniversário, mas não gosto de festa, bolo e guaraná não. Odeio a musiquinha do parabéns e a nossa cara de: o que eu faço agora? que rola enquanto todo mundo repete a música. Lá em casa aliás é até legal cantar parabéns, porque o povo dá uma incrementada. Fora isso, sempre quero me esconder e cortar os pulsos. Esse ano quero inovar e comemorar meu aniversário com crianças de um orfanato. Veremos se darei conta.
Daí há uns 15 dias comecei a pensar sobre o que eu falaria aqui no blog por 31 dias e decidi ser eu mesma, contar meus amores e desamores, algumas histórias de bastidores e revelar alguns segredinhos, não tão segredinhos assim, mas que me tiram da zona de conforto. Porque eu penso: poxa, se eu superei aquilo, porque não posso superar isso? Algumas coisas irão chocar, talvez eu perca pontos, desbrave continentes internos que não precisariam de desbravados, mas eu não ligo, preciso desabafar. Não sou famosa, mas a minha vida dá muito filme também. Posso não ter um histórico de abuso de drogas e superação, mas tenho muito chão. Não sou exemplo para ninguém, a minha história de vida sim e sobre isso que falarei nos próximos 31 dias, se Deus quiser. 
E como primeiro post claro, quero relembrar aqui a minha adoção. Sei que tem um monte de texto meu falando sobre isso, mas o que vocês não sabem é que em 2013, minha irmã biológica mais velha me encontrou no face e tentou uma aproximação. Quando eu descobri quem ela era, meu coração transbordou, de medo. Apesar de tudo, nunca me preparei para isso. Quis por muito tempo conhecer minha família biológica, mas ao mesmo tempo não. Achava e ainda acho perda de tempo. Sei lá, o que aconteceu aconteceu e cada um seguiu seu destino sem dores. 
Mas aceitei um contato, naquela esperança de colocar amor em meu coração por àquela pessoa que me gerou e me colocou no mundo. Minha irmã, à pedidos, fez um resumão do que rolou há 27 anos, mas não me comovi. Não conseguia me identificar com todo o drama envolvido e não consegui enxergar que ali havia um sentimento profundo e sincero. Daí que aos poucos fui me afastando e sem mais nem menos cortei os laços de uma forma total. 
Muita gente me fala que eu devo saber da minha origem, do outro lado da história, que talvez seja uma forma de retribuir à vida a oportunidade que eu tive, que querendo ou não ela é minha irmã e que eu tive uma mãe que me deu algum mínimo de amor. Mas eu sou firme no que penso e o que eu penso é que minha família é essa que me criou, que me educou, que me deu amor e carinho e principalmente um lar normal, livre de amarras, de medo, ódio e desespero. 
Sei que entristeci muito a minha irmã lá, que hoje mora em Belém, mas ao mesmo tempo me sinto tranquila. Optei por não querer saber absolutamente nada, nada que vá me tirar do mundo que eu amo. 
Não odeio a pessoa que me gerou. Acho que ela e Deus sabem os reais motivos de tudo. Cada uma viveu nos últimos anos o caminho que precisava viver. E quero que ela saiba da minha gratidão. Só. Nada mais. Não há nessa história amor de mãe e filha e eu sempre vivi muito bem com isso e sem isso.
Me julguem, mas não sou mau amada, ingrata, nem desejo o mal dela, nem de ninguém da minha outra família, que teve seu papel forte e já realizado em meu destino.
De resto, só quero seguir. As vezes quando vou em um médico e ele me pergunta sobre o histórico de saúde da minha mãe e do meu pai sou honesta: não sei. Tudo que eu sei é que minha mãe tem um gosto mais intenso por bebida. Antes eu não falava isso, mas sabia que era errado porque infelizmente o sangue que corre em mim não é do Papai e da Mamãe e eu não poderia colocar minha saúde em risco afirmando o contrário. 
E minha vida segue muito bem obrigada sem convivência e sem revirar os túmulos passados. Enterrei. Sejamos felizes. Ponto.