quarta-feira, 4 de março de 2015

31 anos - dia 07

Hoje vou desabafar com vocês toda a minha questão quase mortal da anorexia. Vocês já acompanharam aqui toda a história, de como eu demorei a melhorar e as vezes se perdem entre a minha vontade de comer bem, meu medo de engordar e o meu descaso total com a alimentação.
A verdade é que eu não sou muito do tipo que gosta de comer. Sou uma pessoa que tem momentos em que gosta de comer. Gosto das companhias para comer, o que sugere que em finais de semana sozinha eu não como. Isso mesmo. Não como nada além de beber água. Em momentos mais felizes como salgadinhos e pão de queijo. 
Mas já fui muito pior. Imaginem vocês que eu era capaz de sentar em um restaurante, pedir uma lata de coca e passar 3 horas tomando a mesma? E quando eu almoçava com um ex e comia tomate e alface? Ou quando comia em um pires de uma xícara de chá e achava que estava abafando? Ou quando inventava cardápios de almoço para uma chefe?
Fiz muitas loucuras enquanto anoréxica. Muitas mesmo. Mas só me dei conta disso quando um dia qualquer achando que estava com pneumonia, na verdade eu estava há 1 dia de perder o meu rim direito por conta de estar desnutrida. Antes disso desmaiei em um consultório médico e precisei, pasmem, de 8 horas de soro para poder voltar para casa. 
Conto essas coisas hoje rindo muito, porque apesar de não ser uma pessoa que ama comer, acho que perdi muito tempo com isso. Acho que não era gorda coisa nenhuma, apesar de usar o número 44 e ter 110 cm de bunda. Devia ter tido orgulho disso, porque agora para ostentar algo do tipo só malhando e podem me julgar, odeio academia. 
Estou em uma fase mais relax, mas tenho me motivado internamente a procurar algo que me anime. Natação, mesmo não sabendo nadar é algo que gosto, mas que sim, dá muita fome. Pensei em Pilates, muito caro. Não posso dançar por conta da cirurgia no dedo do pé. Ainda não sei, só sei que acontecerá. 
O que herdei com a anorexia? Além de infelicidade, gastrite nervosa, anemia piorada, intolerância à lactose e um pouco de nojo de carne, de todo tipo. Ainda caio um pouco na tentação de um pedaço ou outro, mas sempre chego em casa e acabo colocando tudo para fora. 
Tive que optar por não aceitar a ditadura da beleza. Optei por mim. Não pelos outros. Sou essa. Hoje com uma barriguinha, talvez um pouco sem animação para ostentar o bumbum na nuca, mas consciente de que não preciso mais ser magra. Preciso ser feliz. Vou cuidar da saúde e isso prometi para mim mesma, e apesar de toda dificuldade de largar alguns vícios, tudo o que eu quero é nunca mais acordar, olhar no espelho e me ver um cadáver.