A cama continua vazia.
Sonho com cavalos brancos, solitários, choro sem fim.
Acordo desesperada, tudo escuro, vazio.
Ao meu lado uma boneca peruana. No teto cristais. A luz que entra discreta sobre uma fresta da cortina, me diz que há uma vida inteira lá fora me esperando ao amanhecer.
Sexta-feira. O ritmo da música que toca em meu mp3, apenas acalma por exatos 5 minutos. A solidão do dia anterior bate novamente.
Amores do passado que permanecem vivos, amores do futuro que estão no casúlo. E o presente, com suas artimanhas, com seus palhaços, que brincam com a minha inocência perdida em bailes de carnaval.
Sento-me em um bar. Escuto à bossa nova. Em meus dedos o papel e a declaração de amor. O telefone toca, é hora de andar pelas ruas escuras, procurar um corpo que possa satisfazer. A alma.
Nada encontro em beijos noturnos, nem em caricías matinais. Ah se eu pudesse encontrar um balão e nele voar para os mais distantes mundos!. Aqueles que eu fantasiava enquanto menina, na terra do tango.
Espero. Sentindo pontadas em meu peito. Nada existe lá dentro e meu único desejo é que eu não continue sendo a boneca de pano com vestido rosa que ganhei de presente na festinha da igreja. Preciso ser uma boneca real. Agora!