Caleguinha estagiária voltou pros confins de sua terra natal, após uma discussão sem fim com a tia que a abrigava, enquanto ela estudava. O motivo de tudo, foi uma pomada de uso íntimo que a tia encontrou após mexericar no armário pessoal da calega.
Não sei de fato o que acontecia lá. O que sei é que a estagiária abandonou a faculdade, que ela não pagava porque passou pelo Pro Uni, e para não virar empregada doméstica da tia, voltará para a vida medíocre no interior, que ela dizia viver.
Tudo porque alguém resolveu usar o poder da hierarquia familiar para quebrar a corrente de um sonho, com a desculpa de que ela era uma pervertida sexual.
Fiquei chocada com a existência de pessoas com pensamentos tão mesquinhos e antiquados. Não entendo porque as pessoas conseguem destruir sonhos pelos motivos mais absurdos. E não entra em minha cabeça que pessoas assim consigam dormir em paz.
Fiquei triste por ela não ter tido coragem de lutar pelo que ela acreditava, por não ter acreditado em si, antes de desisistir de realizar seus projetos independente do tipo de vida que ela levava e que a tia julgava pervertido. Ela era uma garota normal, que estudava, que namorava, que não se drogava, nem bebia, cumpria seus horários, e pelo que observei, era bem estudiosa e inteligente.
Agora ela simplesmente ficará presa à uma frustração eterna por não ter tentado, por não ter gritado alto que ela era dona de sua própria vida e de seus desejos, sejam lá quais eram.
E fico feliz por mim. Porque mesmo quando todos pensaram que eu era uma maluca, mau agradecida, eu tinha certeza de que o caminho que eu escolhi trilhar, mesmo as vezes pessoalmente me parecerem confusos, era o correto para a minha realização. Senti medo, insegurança e por diversas vezes quase me senti tentada a viver a vida dos outros para não criar desentendimentos. Mas se tem algo que eu não quero levar comigo quando morrer, é o sentimento de não tentar, de não arriscar, de não fazer àquilo que meu coração julga. Claro, que antes de decidir algo, é preciso avaliar todo tipo de consequencia, mas eu sou um tipo de pessoa que acredita em suas experiências pessoais como trampolim para o amadurecimento. A minha vida, seja lá como ela é vivida só pertence a mim e eu só tenho esta vida para viver.
Gostaria muito de um dia saber que minha calega conseguiu viver a sua vida da maneira que achou conveniente. Desejo de coração que ela seja feliz e que acredite que a decisão que ela tomou realmente seja a melhor. Teria sido melhor se ela tivesse lutado. Digo por experiência própria: lutar pelos sonhos, é algo maravilhoso. Sempre.