Revista CARAS | 29 de Março de 2012 (EDIÇÃO 960 - ano 18)
Foco exagerado no parceiro acaba tornando seus defeitos insuportáveis
Todos têm as suas imperfeições, mas se as olharmos em demasia elas parecerão muito maiores ou mais graves do que realmente são. Casais que tentam, dentro dos limites da ética e do respeito, aceitar um ao outro do jeito que se apresentam, deixando de lado as expectativas de perfeição, vivem mais felizes. Não existe relacionamento amoroso que resista a demandas fora de proporção.
  Dedicar atenção excessiva à cara metade funciona como uma lente  de aumento que pode até incrementar a emoção, mas, cedo ou tarde,  produz também uma ampliação das imperfeições dele ou dela. Assim como em  outros aspectos de nossa vida, também nos relacionamentos a virtude não  mora nos extremos. A melhor opção é sempre o equilíbrio. Sem ele,  a devoção ao parceiro pode se transformar em obsessão.
  Claro que há situações singulares insuportáveis, mas ver no parceiro a  companhia amorosa possível, aceitando suas qualidades e defeitos dentro  de limites que não inviabilizem o amor, pode melhorar a vida do casal.
  Com um foco menos obcecado livra-se o outro da exigência absurda de  corresponder a expectativas insaciáveis, deixando-o mais à vontade para  ser ele mesmo, com suas coisas bacanas e outras nem tanto — o que vale  igualmente para nós, que, precisamos admitir, também não somos essa  beleza toda.
  Agora, se por um lado ficar centrado demais acaba por realçar  frustrações e carências, tornar-se indiferente também não é bom. Quando  os parceiros se defendem de tudo que está faltando por meio da  distância e da negação a relação fica esvaziada e sua sobrevida é apenas  formal.
  É bom lembrar que a complexa sociedade em que vivemos já vem sendo  classificada como “de risco”. Os perigos são criados por nós mesmos: a  maneira como nos comportamos, nossa forma de viver e de usar os outros  (e os recursos do planeta), os artefatos e investimentos que fazemos.  Há até especialistas que se dedicam a estudar os sinais de perigo para  tentar prevenir maiores catástrofes nos vários setores da vida.
  O amor, claro, também faz parte dessa realidade. Quais seriam os sinais  de perigo a serem observados para evitar o seu fim? A expectativa  exagerada certamente é um deles. Ao longo da história, amar sempre  esteve sujeito a risco, porém um risco menor do que nos instáveis dias  de hoje. Por isso, além de prestar atenção aos ardis externos ou  mesmo às armadilhas que muitos pares criam para si mesmos, seria  promissor interessar-se também pelo êxito de casais sábios — aqueles que  são hábeis em evitar confusões e em saltar os obstáculos inerentes a  toda relação prolongada. Quais serão seus segredos, já que  não acreditamos mais nos filmes cor-de-rosa de Hollywood, ou nos  contos de fadas — pois sabemos que toda relação sofre de uma satisfação  finita?
  Claro que não existe fórmula única e exportável para todos ou  truques mágicos para o sucesso no amor. Mas este texto, que poderíamos  talvez chamar de alta ajuda, pretende mostrar que há pontos em comum nas  histórias de amor cuja observância pode ser de valor. Um deles é o fato  de que somos humanos, portadores de defeitos e imperfeições. Não raro,  enguiçamos! Ter a expectativa de que parceiros ou parceiras possam ser  figuras perfeitas e ideais, capazes de corresponder a ânsias ilusórias  de encontrar alguém maravilhoso, é a primeira armadilha a ser  evitada por quem quer levar adiante uma relação.
  Um dos segredos daqueles que conseguem viver um relacionamento  harmonioso diz respeito a este simples fator: a quantidade de  expectativa que um parceiro deposita no outro. Excetuadas as paixonites  adolescentes e os delírios amorosos dos desatinados, não há quem resista  a demandas fora de proporção.
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