Ontem vi de longe um amigo, bem amigo de um ex-namorado.
aí olhando discretamente para a fisionomia estranha dele, comecei a lembrar do meu ex. Não com saudades e sem nenhuma petensão de tal sentimento.
Lembrei que o rapaz tinha um fusca branco, velho, feio e fedido. Claro que no começo, amei né?. Não sou Maria Gasolina, mas eu havia me mudado para um lugar sem transporte público e ter um namorado com carro na época era um trunfo daqueles!.
Mas eis que o fusca, passou a ser o meu maior pesadelo. O cara passava mais tempo alisando o carro, que comigo. E não era frescura minha não, porque todos reparavam o amor maior entre ambos. Achava super fofo, mas no treceito mês, eu me emputeci literalmente. Depois é claro dele quase provocar um acidente daqueles com uma grande amiga minha dentro do carro.
Soltei os cachorros, até que ficou evidente que a paixão dele pelo carro era muito maior que por mim. Era engraçado até. Aliás hoje eu acho extremamente natural e até prefiro que tudo tenha acontecido dessa forma.
Mas eu fiquei com muita raiva de Fuscas. Não posso ver um que lembro das ceninhas que ele armava só para ficar lá, horas limpando, coçando em cima do carro. A pior parte foi a compra de um mega-power-ultra som, que fez o carro parecer uma boate móvel. Aí ninguém segurava a criatura. Desgastes à parte, hoje, anos depois, eu acho muito engraçado relembrar as cenas. E agradeço ao tempo, por curar e por fazer pesadelos virarem piadas nacionais.
Ele casou. A única coisa que ainda sei sobre ele. Sem nostalgias nesse sentido, me livrei de um fusca e de maus amores. Essa é a parte mais importante de minha vida, me livrar do que realmente não serve para mim.
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