segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Um amor tímido

Depois de meses trocando e-mails resolveram que aquele dia seria especial para o primeiro encontro.
Ela acordou cedo, perfumou-se, escolheu a melhor roupa. Mulher tem esse mistério e acha que a roupa esconderá. A escolha foi leve: uma calça jeans e uma blusa branca. O perfume foi leve e a maquiagem também. Nada de salto, para não dar vexame.
Ele despreocupado, colcou uma camiseta básica, uma calça jeans, fez a barba e usou um perfume . Ah não, ele não usava perfume, por acreditar que era naturalmente perfumado. Mas pela primeira vez em sua vida suas mãos suavam. E ele passou a manhã interia conversando sobre o seu nervosismo com um amigo na net, enquanto estourava plásticos bolhas e bebericava água a cada cinco minutos, pois sua boca secava instantâneamente.
Era dia de votação.
Ela teria que pegar metrô e depois ônibus. Para ele era como se ela fosse fazer uma viagem de séculos e que talvez nem chegasse ao destino.
Mas ela chegou. O encontro parecia normal. Ambos refletiram que deveria parecer normal.
Durante o almoço ela mal comeu, ele idem. Se oferece para deixá-la em casa, ela reluta, quer parecer independente. Ele insiste. Ela aceita.
Pode me deixar aqui. Ele pára, um sol de rachar, o carro mais quente que o habitual.
E finalmente o beija. Um beijo doce, envolvente e tímido, mas verdadeiro. Nada de mãos percorrendo o corpo. O sentimento é de respeito mútuo. Ele dizia que ela era uma porcelana, que ele cuidaria. E cuidou.
Depois desse encontro, outros, com o mesmo respeito, com o mesmo beijo tímido mas cada dia mais apaixonado.

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