Estou adorando fazer aula de dança do ventre. No começo eu tinha vergonha. Mas vi que ninguém ali está pra se mostrar e muito menos pra se exibir. São mulheres normais: gordas, mãe de família, divorciadas, menininhas exibidas, com problemas. O que percebi é que todas estamos ali para elevar nossa auto-estima. Saio de lá me sentindo uma deusa de Marrakesh. As músicas acalmam meu coração, embora o som em si não seja de meditação, tá mais para música de briga de casal.
Agora me sentia mal quando malhava. Trabalhei como recepcionista de uma academia. Me preparei toda para malhar. Comprei uma calça, meias novas. O tênis eu não comprei, não sei porquê mas algo me dizia que não duraria tanto tempo esses desejo por obter um corpo sarado. A pressão do professor contou muito. Ele dizia que seu eu tinha a oportunidade de malhar de graça teria que aproveitar. Confesso que ele me inspirou bastante: um moreno de 1,90, todo saradão. E detalhe: ele estaria lá para me auxiliar. Ok. Fiz os testes todos e concluímos que eu teria qu ganhar massa muscular. Meu treinamento duraria algo em torno de 1 hora e meia. 40 minutos só de esteira, correndo horrores. Comecei num ritmo bom. Estava até gostando do esquema. Mas eu malhava num horário estranho: 2 da tarde, horário onde os faxineiros limpavam a sala de musculação e ficavam olhando pra mim. Eu de calça colada e top, uma cena bizarra mesmo de se ver. Depois de três semana ou quase isso desisti. Comecei a inventar compromisso pra sair logo depois do trabalho, ou ficava ajudando na recepção. Depois vierei pra ele e fui sincera, disse que gosto de dançar e ficar puxando fero ou malhando coxa não era mesmo meu ritual mais precioso. E não me importava mudar de horário, porque acho que me sentiria pior, estar num lugar cheio de pessoas de cabeça vazia que pensam apenas em obter um corpo bonito. Graças a Deus eu desiti mesmo de ter um corpão. Prefiro cuidar da minha mente, ler bons livros, caminhar no parque e dormir. Beber muita água e tentar comer coisas saudáveis. Agora com a dança estou satisfeita, o joelho não doi tanto. Agorasaio acabada, com dores musculares. Mas são tão lindos os movimentos que aprendemos que vale a pena o sacrifício. Sinto que realmente estou fazendo algo por mim, pela primeira vez e espero poder ser feliz nesta parte.
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