quinta-feira, 28 de março de 2024

Enfim 40

Quis tanto que este dia chegasse. 28/03/2024 - 40 anos! Que gratidão sinto! 

Está na moda um programa chamado Que história é essa Porchat?, onde os famosos contam acontecimentos bizarros e engraçados que aconteceram em suas vidas. Anônimos também aparecem e eu sempre fico pensando qual das minhas histórias bizarras eu contaria, porque em 40 anos tanta coisa bizarra aconteceu:

- O dia que eu prendi meus 10 dedos em uma cadeira enquanto esperava ser atendida em uma consulta. O banco tinha uns furinhos que eu testei até encaixarem todos. Desastre total.

- Ou o dia que eu prendi minha perna em um banco em frente à Casa Rosada em Buenos Aires.

- Ou o dia que quase caí no mar em um desfiladeiro em Montevidéu.

- Ou o dia que comi um cacho de bananas e mamãe descobriu quando fui tomar uma vitamina de morango. 

- Ou o dia que me inscrevi para meu primeiro vestibular, descalça, porque minha sandália quebrou no caminho. 

- Ou quando eu fui fazer uma entrevista, chovia, e eu caí em um buraco. 

- Ou por fim, quando em meu segundo dia na Embaixada do Peru, eu tive um desarranjo intestinal indo para o trabalho...

Acho que temos uma história vencedora não é? 

O programa termina com o Porchat fazendo algumas perguntas inusitadas, que eu, sonhadora como sou, sempre me pego respondendo em casa. São as perguntas (com as minhas respostas, claro):

1) Qual a sua primeira lembrança? - Meu primeiro banho de chuveiro, com água quentinha, em minhas primeiras horas na casa da minha família. 

2) Qual a palavra da Língua Portuguesa você mais gosta? - Uma que eu uso bastante: "Surreal".

3) Uma viagem inesquecível? - Moscou, com certeza absoluta!. 

4) O que não pode faltar no céu? - Água (com gás de preferência).

5) Uma apelido? - Tenho vários, mas gosto quando me chamam de Karininha.

6) Brasileiro (a) que dá mais orgulho? - Sou muito fã de brasileiros anônimos, normais e comuns que batalham para o Brasil ser um país melhor.

7) Sobre o quê você gosta de conversar? - Casamento. 

8) Uma gafe? - Sou a rainha das gafes, mas com certeza beijar o irmão gêmeo do ficante.

9) Um livro? - Não consigo escolher.

10) O que tem que estar escrito em sua lápide? - Morreu sem ter inveja.

E assim, começo minha nova era! Uma nova idade, cheia de planos e vontade de acertar muito! 

Deus me abençoe com humildade, generosidade e respeito ao próximo.

E que com saúde eu vença! Alcance tudo que desejo e ajude ao máximo de pessoas possíveis. 

Obrigada gente! 



quarta-feira, 27 de março de 2024

Dos 21 aos 39

Hoje eu vou dar um salto dos 21 para os 39 porque amanhã é meu aniversário e eu não quero falar nada. Quero silêncio e paz. 

Esses anos foram ruins em sua grande parte. Faculdade, anorexia, estágios, ônibus, insônia... Até terminar a faculdade, esta era a minha rotina. 

Saí da faculdade. Saí de casa no mesmo mês. E foi ótimo. Necessário e me moldou muito em termos de organização financeira. Antes da faculdade eu passei um perrengue que me custou 8 mil reais. Aprendi na marra a colocar minha grana em ordem e ainda fazer render. 

Aos 26 me casei. Aos 30 me separei.

Tive brechó. Dei aula de russo, espanhol e inglês. Estudei francês. Virei Cerimonialista. 

Separei. Mudei de apartamento. A lista de amigos aumentou demais. Mas só conto nos dedos de 1 mão quem é amigo real. 

Namorei bastante caboclo por aí, mas nunca mais amei como amei meu ex-marido. Entre estes seres, um em específico me deixou numa merda e com tanto chifre que eu achei que nunca mais me levantaria. 

Veio a pandemia. Retomei os estudos do inglês e decidi que vou até o final. 

Meu último namoro foi em 2020. 

Comecei a terapia em seguida. 

Me assumi. 

Trabalho tanto, que tem dias que eu choro. Não de reclamação, mas de alegria. Eu agradeço demais porque meu trabalho é a coisa mais importante que eu tenho. Eu morro de medo de ser demitida. De ficar desempregada. De depender dos outros. 

Não tenho medo de ficar sozinha, porque eu demorei a entender que a pessoa mais importante do mundo, sou eu mesma.

Sou expressamente deprimida, cansada, reclamona, mas tenho muitas qualidades. Não sou bonita. Sou legal. 

Amo minha família que é minha fonte de amor há 37 anos. Mas parei de mencionar que sou adotada. 

Amo meus amigos, do passado, do presente e do futuro. 

Afinal, não quero viver muito, mas quero viver bem. 

Sem lágrimas, sem posição fetal de desespero e com muitos copos de cerveja... mesmo não tendo ressaca mas sim, sentimento de morte. 

Sou grata por cada ano, cada momento, mesmo os piores dos piores. Aqueles que me fizeram por um triz tirar a vida. 

Mas aqui estou.

40.

Amém. 



terça-feira, 26 de março de 2024

Dos 11 aos 20.

Falar de mim nesta fase é lembrar de Moscou imediatamente. 

Em junho ou julho de 1995, recebemos a notícia de que iríamos morar na Rússia. Não fazia ideia onde ficava e perguntei ao meu vizinho, que era professor na escola que eu estudava, que me disse que a gente ia morrer congelados. E claro que até o dia da viagem, eu só pensava nisso. 

A chegada foi tensa, e muito fria. Fazia 0 grau. Antes da aterrissagem, o trem de pouso não abaixava, então que nossas primeiras horas foram sem entender nada, porque o voo era em alemão e russo e a gente ficava perguntando para nossos amigos o que estava acontecendo e eles só diziam que estava tudo bem.

Essa lembrança me fez entender que seguimos nesta tensão durante os 4 anos seguintes. Foram anos bons, claro, mas desde o começo sofrido. 

Chegamos em uma segunda-feira e na outra eu já estava na escola sofrendo bullying, que eu tratei de resolver logo, dando um murro na cara de um colega e quase criando um incidente diplomático. 

Mas falar de Moscou merece um capítulo a parte. 

Voltando de Moscou eu tinha 15 anos e era uma adolescente rebelde, sem nenhum motivo, porque eu sempre tive de tudo, do bom e do melhor. Passava horas escrevendo em meu diário, ouvindo música e lendo. Continuava não sendo uma boa aluna, mas já demonstrava interesse em apresentação de trabalhos, o que sugeria que eu seria de fato uma boa jornalista. 

Passei minha adolescência inteira me preparando para a UNB. Nunca consegui passar. Era eliminada na redação. 

Comecei a trabalhar uma semana depois que completei 18 anos e fiz uma festa inesquecível, pelo bom e pelo ruim. O DJ da festa morreu em um acidente de carro 2 meses depois. 

Até os 20 anos fui expressamente namoradeira. Zero critério. Comigo não tinha isso de ser bonito. Eu não tinha muito com o que me basear, porque não fui uma adolescente de frequentar festinhas. Acho que fui em 3 festas oficialmente até os 20. E as vezes que tentei ir em alguma boate, em casa era um Deus nos acuda. 

Fui muito religiosa nesta fase. Fazia parte de encontros de jovens, ia a missa 2 vezes na semana mais aos domingos e todo meu núcleo era composto pelos jovens carolas. 

Destes anos de minha vida, só sinto falta mesmo dos 4 anos em Moscou. Tanto que todas as minhas boas lembranças são de ter conhecido um tantão de coisas legais: Praça Vermelha, Teatro Bolshoi, todos os museus de todos os escritores famosos russos. Lembro com carinho que de uma garota que não lia nem gibi da Turma da Mônica, passei a ler clássicos em russo como Ana Karenina e Guerra e Paz. 

Não fui uma adolescente feliz. Mas também não fui infeliz. Acho que apenas atravessei esta fase terrível sem me desesperar. Eu tinha para mim que a vida adulta seria maravilhosa. Mas a verdade é que dos pequenos traumas que eu ia guardando embaixo do tapete, surgiu uma mulher com sequelas que são trabalhadas até o dia de hoje. 

Mas eu agradeço muito cada dor, porque eles me fortaleceram para enfrentar os próximos 20 anos de minha vida. 



segunda-feira, 25 de março de 2024

De 0 a 10 anos

Semana do meu aniversário de 40 anos e claro, lá vou eu para as minhas reflexões básicas. 

Queria ter gravado em vídeo, porque é fato que ninguém lê este blog, mas é o que temos. 

E falar de mim até os 10 anos de idade é super feliz de ser contado. Porque assim, apesar dos pesares, eu consegui vir ao mundo. Sei pouco até o ano da minha adoção, só que eu não fui cuidada como um bebê merece ser cuidado.

Com a adoção, vieram as vacinas, uma boa alimentação e noites de sono reguladas. Porque eu já era uma criança agitada, inquieta, sofria de insônia crônica, era cheia de verme e tristeza. 

Fomos morar em Buenos Aires, em 1988 e foi incrível. Lembro várias coisas legais, e várias coisas tristes, como a morte de minha primeira sobrinha, aos 9 meses. 

Nunca fui de gostar de estudar, mas amava escrever, então que aprender a ler foi algo que me deixou muito animada. Eu dizia que seria jornalista. Apresentava jornais, entrevistava pessoas nas festas e lia revista Manchete, principalmente a parte de fofocas. 

Me tornei tia de 3 pequenas criaturas em 1991 e me dei conta de 2 coisas: as únicas crianças que eu amava eram Guilherme, Vinicius e Anne e que apesar deste amor, eu me senti muito largada de lado, até porque deixei de ser novidade e a única criança da casa. Não tive este sentimento com a Jessica. Acho que porque ela era bebê e eu já uma criança de 4 anos. 

Do nascimento das crianças, até os 10 anos, eu fui uma criança feliz, faladeira, péssima aluna, mas amante de brincar na rua. Me machuquei demais jogando futebol. Era briguenta e curiosa, então sempre me ferrava. Já levava jeito para assuntos domésticos e estava sempre sentada assistindo novela. Mamãe quando queria me punir por algo, era só me colocar de castigo sem assistir novela. Eu preferia apanhar. 

Por falar nisso, apanhei demais gente! Mas eu era terrível. E eu tinha uma tendência de criar histórias. Não tinha muitos amigos, mas os que eu tinha era tão terríveis quanto eu. 

No geral, foram 10 anos muito felizes. E quando eu lembro desta fase, lembro com carinho do dia da minha adoção, meu aniversário de 5 anos e o dia que conheci a Anne. 

E amanhã tem a Karla Karina de 11 aos 20 =) 



sexta-feira, 22 de março de 2024

O que eu aprendi da vida

Prestes a completar meus tão sonhados 40 anos, os dias são de reflexão. 

Claro que isso é algo que farei por pelo menos 40 anos mais, mas neste momento, em que vivi uma boa parte da vida que Deus tem para mim, eu aprendi que:

- Eu sou legal, mas é muito difícil conviver comigo. 

- Eu sou muito legal, mas feia.

- Eu sou muito melhor como amiga do que como namorada, esposa e afins.

- Eu sou preguiçosa, mas tenho muita força de vontade. 

- Eu não gosto de estudar, eu gosto de trabalhar.

- Eu não teria sido uma boa jornalista.

- Eu seria uma mãe horrível.

- Eu sou insistente.

- Eu sou muito bocuda. 

- Eu estou aprendendo a deixar de ser bocuda.

- Eu não gosto quando percebem a minha intensidade. 

- Eu tenho um puta medo de morrer. 

- Eu ter "saído do armário" mudou nada em minha vida, mas foi o certo. 

E a maior conclusão que eu vivencio é que eu não sou metade do que eu queria ter sido. Que eu tenho o que Deus acha que é o melhor para mim, mas não é de longe o que eu planejei. Me arrependo de tantas, mas tantas coisas. Eu vivo de um passado que me martiriza, embora já tenha deixado boa parte das dores para trás. A pandemia me curou de muita coisa, porque foi o período em que fui à psicóloga. 

O plano agora é seguir. Olhar menos para o passado. Ou tê-lo como ferramenta de melhoria. Ser melhor como filha, principalmente. Deixar de ser uma profissional medíocre. Me achar menos especial, alecrim dourado. 

Sair dessa minha bolha de que o mundo é injusto. Não sou especial, não tenho habilidades sobrenaturais ou uma missão de mudar o mundo. 

Só preciso aprender a ser uma mulher adulta de 40 anos. 

Ter fé. Trabalhar muito e ser grata por tudo e por tanto que eu recebi, as vezes sem merecer.

Que venham mais anos. Apesar do medo de morrer, acho que mais 40 é muito. 

Seja o que Deus quiser. 



quarta-feira, 20 de março de 2024

40 chegando

 




Faltando tão pouco para meus 40 anos...
Uma leve reflexão sobre me sentir completamente perdida, cansada, insegura e feliz.
Engraçado essa mistura de sentimentos.
Eu que sonhei tanto com este momento, me sinto na verdade muito para baixo. 
Eu tinha uma expectativa muito alta com a chegada do dia 28 de março de 2024.
Hoje, me sinto com uma enorme vontade de sequer sair do meu canto. 

Mas voltando à mensagem.
Juntando tudo que sinto, este é o meu maior sentimento: quem sou eu para julgar?
A idade vai ensinando que eu sou abaixo de qualquer pessoa, e isso é bom para entender minha pequenez. 
Tenho, de fato, uma jornada intensa de compreender quem sou, para onde vou e qual o meu papel neste mundo diariamente caótico e avassalador.