Se tem algo que 2018 trouxe para mim foi alegria em conhecer pessoas e me reencontrar com meu passado.
Explico: em abril de 2018 eu fui para Belém do Pará para um fim de semana. Sábado eu ajudei no casamento de um grande amigo. No domingo conheci minha família biológica, composta por mãe, irmã e dois sobrinhos.
E com certeza esta foi a melhor parte do meu ano, e uma parte importante de minha vida.
Conhecer a Fátima, ouvir a versão dela para minha adoção, ouvir dela que ela não se arrepende e que pelo contrário, tem muito orgulho da decisão que tomou há 33 anos, foi algo que me deu muita força. Quando eu começo a querer fraquejar, lembro de nossa conversa naquele doce domingo, num calor monstro de Belém e um banquete digno de rainha que minha irmã preparou.
A decisão de conhecê-la foi muito natural. Eu vinha adiando isso desde 2013, quando minha irmã, Uisliana, me contatou pelo facebook. Na época eu não achei que seria legal. Estava me separando, minha cabeça estava extremamente confusa e eu não queria de certo modo magoar meus verdadeiros pais.
Mas quando surgiu o convite para o casamento eu não consegui evitar uma leve alegria na incrível coincidência de local. Aceitei na hora, já com o objetivo de ir atrás de uma parte de minha história.
Hoje, ainda lembro do abraço caloroso que dei em minha irmã, em frente ao hotel e quando ela foi me deixar no aeroporto. Ainda sinto aquela pequenina senhora passando a mão no meu rosto, e de repente qualquer mágoa que pudesse ter existido, sumiu.
Fátima é minha versão envelhecida. Mulher que batalhou, que fez o que quis, empoderada, que não teve medo. Ela deu a cara a tapa, em diversas formas, e apesar de não ter acertado em tudo, é uma das mulheres mais incríveis que pude conhecer. Sinto um imenso orgulho de me parecer um tantão com ela: gestos que eu identifiquei imediatamente ao olhar para ela e que eu agora não me incomodam mais. Ela já não é um fantasma e agora muitas coisas fazem sentido.
Eu tenho orgulho da minha história. E agora ainda mais, porque foram preenchidas muitas lacunas e abismos foram diminuídos entre um gole e outro de uma das melhores cervejas que bebi na vida.
A despedida foi em tom de volto logo e eu sei que ano que vem eu irei lá de novo, amassar minha irmã, que é outro ser humano que eu admiro. Sério, Uisliana é guerreira também. 2 filhos, trabalha de sol a sol, cuida da casa, dos meninos, que são lindos, educados e estudiosos. Sem marido, típica história atual: mãe solo, que acorda cedo, quase não dorme para dar o sustento e a dignidade à sua família. E agora cuida de mamãe de forma muito carinhosa.
Só posso agradecer a Deus. E só posso agradecer à minha família que me apoiou fortemente nesta decisão e deixaram com que eu fosse eu mesma. Ninguém me olhou torto. Aliás, todos me olharam como a mulher forte e determinada que eu sou, fruto de muito amor, amor de todo lado.
À Fátima, Uisliana, Vitor e Vitoria, dedico este texto, esta parte de minha retrospectiva, para registrar que a vida é realmente engraçada, e eu sinto que nada é em vão, tudo tem um propósito. E eu sei que quando aconteceu tudo lá atrás, muito tempos atrás, foi dor, mas olha que coisa, hoje, somos todos felizes e eu ainda mais porque, eu sou escolhida até hoje, por Deus, por vocês, por meus pais, meus irmãos e tanta gente que me acolhe, me dá a mão e o coração para que eu nunca me sinta perdida.
Obrigada 2018 por ter tido algo extremamente bom, gostoso e realizador. Nem tudo foram lágrimas! Amém!
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