segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Viva a sua dor, ou a sua alegria. Viva o seu momento.

 
 
 
Sempre escuto que é preciso esperar em Deus. E eu espero. Mas sei também, e aprendi com as porradas da vida, que não existe isso de quem espera sempre alcança. Não. Quem espera, fica para trás, adoece, entra em depressão, emagrece, engorda, perde o emprego, o relacionamento amoroso, os filhos, a vida.
Mas uma coisa que eu aprendi muito bem, é viver minha depressão, minha dor. Eu não as diminuo. Eu as vivo. Se eu tiver que chorar, eu choro. Se eu tiver que ficar sem comer, eu fico. Eu me entrego à minha dor, por menor que ela seja, porque ela é minha. Me permito não diminuir meu sofrimento, porque ele é meu. Assim como sair dele, só depende de mim e assim como vivo a minha solidão bem solitariamente, vivo minhas alegrias bem com quem eu amo.
 
E daí a frase de hoje na verdade é um texto. Texto lindo.
E a mensagem que eu passo é: viva sua vida, como ela é exatamente. Disfarce somente para não perder o emprego. O resto, não espere o travesseiro. Chore. E viva. Seja lá o que estiveres vivendo. Não espere uma doença grave para lidar com suas tristezas. Só você e Deus podem encontrar uma solução. E o seu trabalho e sua dedicação. Porque aprendi que a felicidade é um momento, a tristeza também.
 
 
No elevador do filho de Deus


A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
Bobeou eu tô morrendo
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção
de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo
e me torno moribundo de doer daquele corte
do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas
dentro das alegrias havidas

Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer
depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não
me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala
nem informática nem cabala
eu era uma espécie de Lázara
poeta ressucitada
passaporte sem mala
com destino de nada!

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
ensaiar mil vezes a séria despedida
a morte real do gastamento do corpo
a coisa mal resolvida
daquela morte florida
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos
cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos
que já to ficando especialista em renascimento

Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho
ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo
Não dá outra: tiro o chinelo...
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha...
Fico aí camisolenta em estado de éter
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
Tô nocauteada, tô morrida!

Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa
não tem aquela ansiedade para entrar em cena
É uma espécie de venda
uma espécie de encomenda que a gente faz
pra ter depois ter um produto com maior resistência
onde a gente se recolhe (e quem não assume nega)
e fica feito a justiça: cega
Depois acorda bela
corta os cabelos
muda a maquiagem
reinventa modelos
reencontra os amigos que fazem a velha e merecida
pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"
E a gente com aquela cara de fantasma moderno,
de expersona falida:
- Não, tava só deprimida.
 
Feliz semana! Semana completa, sem feriado, mas que seja completamente recheada de seus momentos.
 
Beijos e beijos!

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