Hoje é o lindo dia das crianças. O tempo está bem fechado na Capital, mas espero que elas tenham um dia bem legal e cheio de alegria. E eu resolvi colocar uma reportagem que achei super triste. Talvez não tenha nada a ver com o dia, mas serve de reflexão para os adultos e para àqueles que sonham em ter um filho, tentam anos, não conseguem, aí entram para a fila de adoção e conseguem. Mas e as crianças que não conseguem um lar?. Como elas ficam?. Que vida terão?. Por que a Justiça muitas vezes retarda esta oportunidade e nega à famílias e crianças o direito de uma felicidade que deveria pertencer à todos?. 
11/10/2011 14h31                   - Atualizado em                   11/10/2011 16h03- G1 - globo.com                
              'Queria pai e mãe todos os dias', diz menina apontada como 'inadotável'
Aos dez anos e com HIV, menina está fora da fila de adoção.
Especialistas dizem que país tem 32 mil que não podem ser adotadas.
Ela tem dez anos, não conhece os pais, é portadora do HIV e mora em um  abrigo no Paraná. Mesmo contra todas as adversidades, a menina V. sonha  com um presente ao qual tem direito. “Queria uma mãe e um pai de verdade  (...) todos os dias”, conta. A garota é uma das cerca de 32 mil  crianças consideradas “inadotáveis” no país. A lei assegura a todas a  possibilidade de serem adotadas até os 18 anos desde que tenham sido  juridicamente desligadas dos pais biológicos, mas a burocracia impede o  exercício desse direito, segundo análise de especialistas.
“Como a destituição [processo que desliga legalmente a criança da família biológica] demora, apenas 5 mil das 37 mil crianças que estão em abrigos do país podem ser adotadas. Hoje, existem 26 mil famílias interessadas em adotar“, afirma Ariel de Castro Alves, presidente da Fundação Criança e vice-presidente da Comissão Nacional da Criança e do Adolescente da OAB.
 “Como a destituição [processo que desliga legalmente a criança da família biológica] demora, apenas 5 mil das 37 mil crianças que estão em abrigos do país podem ser adotadas. Hoje, existem 26 mil famílias interessadas em adotar“, afirma Ariel de Castro Alves, presidente da Fundação Criança e vice-presidente da Comissão Nacional da Criança e do Adolescente da OAB.
  Contra o sonho de uma nova família, pesa ainda a expectativa dos  futuros pais. Condições impostas por eles eliminam grande parte das  cinco mil crianças listadas no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). A  lista do CNA inclui as crianças que venceram a burocracia e as  exigências legais e precisarão de sorte para se  encaixar na projeção  dos casais candidatos: meninas brancas, com menos de três anos, sem  irmãos, deficiências ou HIV.
“As crianças [sob custódia do Estado] são mais meninos, negros e pardos”, explica Alves. Em Curitiba, até 10 de outubro 41 das 73 crianças no CNA eram brancas. Mas, do total, 38 eram meninos e só três tinham menos de cinco anos.
Na Associação Paranaense Alegria de Viver (Apav), em Curitiba, 18 crianças portadoras do vírus HIV estão fora da fila de adoção, segundo o fundador Newton Nascimento Teixeira. A menina V. é soropositivo e mora na Apav desde bebê e nunca teve o nome no CNA por não ter obtido a destituição do poder familiar concluída.
 “As crianças [sob custódia do Estado] são mais meninos, negros e pardos”, explica Alves. Em Curitiba, até 10 de outubro 41 das 73 crianças no CNA eram brancas. Mas, do total, 38 eram meninos e só três tinham menos de cinco anos.
Na Associação Paranaense Alegria de Viver (Apav), em Curitiba, 18 crianças portadoras do vírus HIV estão fora da fila de adoção, segundo o fundador Newton Nascimento Teixeira. A menina V. é soropositivo e mora na Apav desde bebê e nunca teve o nome no CNA por não ter obtido a destituição do poder familiar concluída.
  A menina conta que o presente que sempre quis ganhar no Dia das  Crianças é uma casa e uma família. “Eu vou sentir saudades dos meus  amigos daqui, mas queria que alguém me adotasse. Eu tenho uma madrinha  que passa aqui de vez em quando e me leva para a casa dela para dormir.  Eu gosto, mas queria uma mãe e um pai de verdade”, conta a menina.
  A fundadora do Movimento Nacional das Crianças Inadotáveis (Monaci),  Aristeia Moraes Rau, lembra que, entre os "inadotáveis", há ainda o  dilema dos que atingem a maioridade nos abrigos e ficam de fora do  processo.
   Já na Apav, “além das crianças, nós temos jovens entre 18 e 20 anos que  viveram toda a infância na instituição e não tiveram a chance de  encontrar novas famílias. O problema desse isolamento não é nem a falta  de famílias interessadas e o preconceito. A grande barreira é a demora e  a burocracia apresentadas pelo Estado e pela Justiça. Tanto que alguns  já completaram a maioridade e já perderam até a esperança de encontrar  um novo lar. Mesmo assim, nosso objetivo é inseri-los na fila de adoção e  conseguir uma família para cada um”, disse Teixeira.
   O jovem Marcos tem 18 anos, vive no abrigo desde os oito e também é  soropositivo. “Antes de chegar aqui eu era maltratado em casa e, quando  meus pais morreram, a família me trouxe pra cá. Quando eu era mais novo,  tinha o sonho de conseguir ser adotado. Hoje não tenho mais esperanças  de encontrar uma família, porque acho que será difícil me adaptar, a não  ser que seja com uma família que eu já conheça. Meu objetivo agora é  continuar meus estudos, fazer medicina e constituir minha família junto  com meu irmão, que também mora aqui”, explica o jovem.
   “Não entendo por que a burocracia para conseguir a liberação de uma  adoção pra uma criança com HIV é tão difícil. Acho que, nesse caso, como  as crianças precisam de tratamento, deveriam ter prioridade na fila de  adoção. Afinal, além dos medicamentos, elas precisam do apoio e carinho  de uma família”, finaliza Teixeira, fundador da Apav.
   Segurança
A advogada Izabela Rucker Curi, especialista na área, faz críticas aos excessos da burocracia, mas defende que não se abra mão da segurança jurídica em troca da agilidade na adoção. Segundo ela, a quebra do poder de família (quando já se esgotaram as possiblidades de a criança voltar para a família original) é mesmo uma das partes mais complicadas do processo.
 A advogada Izabela Rucker Curi, especialista na área, faz críticas aos excessos da burocracia, mas defende que não se abra mão da segurança jurídica em troca da agilidade na adoção. Segundo ela, a quebra do poder de família (quando já se esgotaram as possiblidades de a criança voltar para a família original) é mesmo uma das partes mais complicadas do processo.
  "Para que essa criança vá para uma nova, os vínculos legais com a  família antiga têm de ser rompidos. Isso exige muita gente, muita  observação, muito estudo jurídico e muitos papéis para documentação.  Quando essa etapa fica pronta, quase não há mais tempo, dentro do prazo  de dois anos, para que a criança possa conhecer uma nova família",  afirma.
“Nossa legislação acerta quando dá valor à prevenção ao rompimento de laços familiares. Importante lembrar que ainda existem no Brasil casos de adoção de menores com a exclusiva intenção de alimentar o tráfico de órgãos, por falta de controle rígido e efetivo nos procedimentos de adoção”, afirma a advogada Izabela Rucker Curi.
“Nossa legislação acerta quando dá valor à prevenção ao rompimento de laços familiares. Importante lembrar que ainda existem no Brasil casos de adoção de menores com a exclusiva intenção de alimentar o tráfico de órgãos, por falta de controle rígido e efetivo nos procedimentos de adoção”, afirma a advogada Izabela Rucker Curi.
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