Gosto muito de fazer uma faxina no pumão chorando. E quando se está sozinho, é ainda um choro mais porfundo.
Ontem, não segurei as lágrimas com o Profissão Repórter sobre a adoção no Brasil. É de cortar o coração, ver quantas crianças precisam de um lar, com tudo descente e honesto. E ver que tantas pessoas tem condição, mas ignoram os fatos e tentam outras alternativas para ser pai e mãe. Até entendo, adotar, ou decidir por este caminho, não deve ser uma tarefa tão simples.
E agradeço muito por saber, que no meu caso, foi sim algo muito simples. Meus pais decidiram tudo em apenas um dia e resolveram tudo em menos de um mês. E a justiça foi sábia e percebeu, que eu merecia uma chance de ter uma família absolutamente normal. Lá se vão 24 anos de muita felicidade e gratidão. Porque o mais importante de ser um filho adotivo, é manter a mente muito sã e ter a certeza de que foi o melhor caminho.
Sei que muitos adotam e maltratam, mas isso é comum, até mesmo em famílias com filhos biológicos. A maldade acontece independente do filho ser adotivo ou não. Eu particularmente, nunca me senti diferente, ridicularizada ou menosprezada por não ser a filha da barriga, mas sempre me senti a filha do coração mais filha biológica de todas. Minha família, sempre foi para mim a minha real família, nunca houve distinção, o nível de educação foi igual a que meus pais deram aos meus irmãos. Talvez, por ser a caçula, e por terem acontecido melhorias no nível financeiro de meus pais, eu tenha tido melhores oportunidades, como por exemplo ter ido morar na Rússia (talvez, depois da adoção, a melhor coisa que já me aconteceu até hoje).
E conheci vários casais que decidiram adotar, e são felizes. Em Moscou, eu ajudava em um orfanato de crianças massacradas pelo acidente nuclear em Chernobyl. Meninos e meninas, que muito tempo depois, sofriam com as consequências dessa tragédia, na pele, com doenças que ainda surgiam em seus corpinhos. No orfanato, elas podiam respirar um ar mais puro e ter a esperança de uma vida melhor.
Conheci uma, que nasceu sem os dedos da mão e do pé. E um casal italiano, adotou-a desta maneira, com defeitos no corpo, mas com alegria na alma. Ainda me lembro a felicidade daquela criança e daqueles pais.
E foi por isso que chorei tanto ontem. Um filme passou em minha cabeça e vários questionamentos, várias preces de agradecimento. Quando temos uma oportunidade de ser uma ser humano normal, devemos apenas ser gratos e fazer da adoção um ato de amor mais profundo.
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