Passeio pelas ruas da capital.
Chove, faz frio, estou cansada e com fome.
Tento olhar tudo naturalmente, mas acho tão chato, repetido, sem sentido.
Compro algo, gastar pode reanimar a minha alma com ares de fim de ano estragado.
O corpo pede um chocolate quente, me abstraio com o vento no rosto.
Pessoas, humanas ou não, passam ao meu lado. Não sinto confiança. Solitária.
Chego em casa. A cama me espera, o urso branco que ganhei em algum momento, me faz companhia. Não é suficiente.
Acordo, preguiça total. A rotina, que me prende, que me sufoca. Não recebo nada em troca. Lágrimas, gritos, sofrimentos imaginados a cada porta que se abre lentamente.
Fecho a janela. Leio cartas, postais. A revista de anos atrás. E as fotos de infância, tudo passou e eu nem percebi.
Ando às voltas com um futuro. Ah, aliás prefiro nem pensar no fato de que provavelmente farei aniversário. E que várias tentativas serão frustradas e que vários amores virão. Ou não.
Aqueço o leite, de pijamas ainda, descanso a mente, divagueio em beijos da noite passada, imaginários obviamente. Não tenho me sentido à vontade, correntes nos pés, cinto de castidade, algemas.
Não quero nada.
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