O melhor de vir trabalhar é encontrar no transporte uma criança chorando. Fiquei 30 minutos ouvindo a insistência do garoto para sair, para levantar (estava lotado), para ir ao banheiro. Eu passei 30 minutos ouvindo isso tudo. Em alguns momentos ele tentou sorrir, mas nada o agradava. Por sorte, eu estava há 6 pessoas dele, o que não deixou de me incomodar um pouco.
Mas aí eu lembrei que um dia fui criança. Não me lembro algum fato desses, mas sei que não fui uma criança normal. Eu era fora dos padrões, brigava com todo mundo, não brincava de boneca, aliás metia na cabeça de minhas amigas. Brincar de escolinha?. Só seu eu fosse a professora (já era instinto!). Passava o dia vendo televisão, escrevendo e à noite queria ver novela e telejornal. Não podia ver uma porta aberta que já estava na rua jogando bete, futebol ou brita na cabeça dos colegas. Sempre amei dançar, então em festinhas dos amigos de minha mãe, eu agitava o ambiente dançando lambada e raramente sentava para brincar com as meninas de minha idade, o meu negócio era estar entre adultos e aprender com eles. Eu já tinha uma visão diplomática da vida, embora sendo um pouquinho estressada.
Eu chorava muito, mas sempre porque eu caia de alguma rede, árvore ou no chão correndo no pique-e-pega.
Ainda assim sinto que eu poderia ter vivido melhor minha infância. Mas eu queria ser grande e não me dei o luxo de ser criança de verdade. Não culpo em nada meus pais. Eles bem que tentaram me dar dignidade para viver minha infância. Me passavam algumas responsabilidades que hoje eu percebo valeram como crescimento. Se não fossem todas as vezes que eles perderam a paciência comigo, eu não seria quem sou hoje.
A criança do coletivo me levou a tempos de minha infância que estavam adormecidos e soltei um sorriso e esqueci que lá havia uma simples criança mimada, cansada e com muito sono.
Um lindo dia!
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