terça-feira, 10 de junho de 2008

César - o peruano incrivél!

Ontem foi o aniverário de uma pessoa que eu andei me lembrando muito nesses últimos dias.
Quando morava em Moscou conhecemos pessoas de todos os lugares do mundo, mas aamizade mesmo era com peruanos. A comunidade peruana em Moscou naquela época era intensa, pois eles iam para estudar Medicina em uma das melhores universidades do mundo. Lá iámos muito à igreja e a missa era rezada em espanhol, logo, inevitavelmente nos aproximamos de muitos latinos.
Minha mãe foi logo adotada como mãe do todos lá, pelo carinho com que ela tratava a todos, aliás a dificuldade deles era imensa, não havia quem não sentisse pena.
E uma dessa pessoas era o César. Foi morar na Rússia como missionário e conheceu a Marita, estudante de medicina. Ele pobre de tudo, não tinha como sair de Moscou por não ter dinheiro algum. Ela foi estudar lá porque o irmão tratou de ajuda-la depois que ela assinou um documento jurando que devolveria todo o dinheiro. O César apaixonou-se perdidamente por Marita e o objetivo de ser padre foi logo abandonado.
Ele era uma figura incrivél. Sempre sorridente e cordial, era capaz de em silêncio transformar seu tédio em alegria. Eu o tinha como irmão e em minhas inumeras crises de existência juvenil, ele foi meu fiel conselheiro e amigo.
Lembro-me das vezes em que ele recorria à minha mãe para simplesmente tomar um chá, e na maioria das vezes era a sua primeira refeição do dia. Ele chorava e se sentia sozinho, quando na verdade ele morava com 3 padres, mas como ele afirmava, a solidão existe em multidões.
A forma como ele cuidou da Marita, em momentos dificéis que ela passava na universidade era inspiradora. A decisão de largar o seminário foi muito bem pensada e depois de 5 anos morando lá, ele conseguiu com muito esforço regressar à sua terra natal com a sua amada.
Nunca mais nos vimos, mas recebemos uma carta dele contando que casaria com a Marita e finalmente seria feliz.
Para sempre terei carinho por aquela figura, que me ensinou a perseverar, quando não exista mais nenhuma esperança.

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