Cada dia que passa eu me sinto muito triste por ser mulher. Agradeço a Deus, mas quando vejo a quantidade de mulheres sendo mortas, humilhadas e tratadas com indiferença pela sociedade, fico pensando qual é o meu papel como mulher.
Ainda não sinto que fiz real diferença na vida de outras mulheres, até o momento. Muitas vezes julguei seus posicionamentos, falas e trajetórias, com um olhar machista e eu tenho uma vergonha muito intensa dentro de mim.
Hoje em especial estou muito triste. Pessoalmente me sentindo não só uma mulher ruim, mas uma mulher que não merece ser celebrada. Olho minha própria história e percebo que todas as vezes que fui traída, humilhada e desconsiderada, não foi somente por ser mulher, mas por não ser a mulher adequada para este mundo. E imagino o tanto de mulher mundo afora sente o mesmo do que eu e entendo o quanto machuca e nos tira a paz.
Mas como tem sido desde o Natal passado, estou pouco a pouco me silenciando. Parei de postar muitas coisas, focando mais no Bolshoi, estudando, não comentando, somente quando é algo positivo. Estou julgando cada vez menos o outro, principalmente quando é uma mulher, porque eu sei que é errado e que cada pessoa neste mundo merece meu silêncio e meu respeito.
Em minhas orações matinais, pedi a Deus por todas as mulheres de meu convívio, que habitam minha rotina e ocupam meu coração: mãe, irmã, sobrinhas, cunhadas, amigas, companheiras de trabalho, de Bolshoi, de freelas, de pandemia, fornecedoras, noivas, debutantes - e as mulheres de suas vidas. Rezei por quem não conheço, porque eu sei que cada mulher merece muito amor, carinho e celebração diária.
Agradeço por ainda assim, ser mulher. Espero um dia, ter orgulho de mim.
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