A palavra da semana é Cancelar. Estamos na 21ª edição do BBB e tivemos ontem uma das cenas mais grotescas e desumanas de todas as edições.
No programa temos uma cantora, Karol Conka e um ator, o Lucas. O Lucas fez algo semana passada, que não foi legal. E a cantora resolveu comprar uma briga, e baixou o nível. E subiu no ego e destilou palavras de humilhação e preconceito contra o rapaz, ao ponto de ameaçá-lo de descer a porrada.
A internet foi à loucura. Primeiro pela questão racial, pois ambos são pretos e ela usou desta acusação contra ele: preto racista. Depois ela o chamou de abusador.
Agora vamos levar isso à vida real?
Você já parou para refletir se você é cancelada (o) ou canceladora (o). Traduzindo em miúdos: cancelador é quem se acha tão melhor que o outro, que faz desta verdade seu guia, e torna-se abusador psicológico e nada o faz perceber que não é Deus.
Já fui canceladora. Muitas vezes. E ontem enquanto via as cenas da Karol humilhando o Lucas, chorei. Me senti tão, mas tão envergonhada de ter sido esse tipo de pessoa. Fiquei pensando no quanto eu, na minha real insignificância, afetei a vida de muita gente, à troco de?
Pois é. Mas a vida é justa e o tanto que eu fui ruim com as pessoas, as pessoas foram ruins comigo. Fui cancelada tanto em minha vida que eu nem consigo mensurar. Chorei muito também, quando fiz esta reflexão.
E isso das pessoas se acharem melhores do que eu e demonstrarem isso, aconteceu em todas as esferas de minha vida. Nada passou batido.
O resultado: sou uma pessoa insegura com tudo. Sempre acho que a culpa é minha, que eu errei, que eu fui péssima, que o mundo não merece uma pessoa que nem eu.
Inclusive, comecei o ano passando por 2 cancelamentos: um por conta do cabelo e outro por conta de uma mensagem no twitter. A pessoa se ofendeu e por se achar melhor do que eu, e não querer saber as reais razões por trás da mensagem, me cancelou da vida dela como se eu nunca tivesse existido.
Estou aprendendo, à duras penas e lágrimas diárias, que eu não sou nem melhor que ninguém, nem pior. Sou esta pessoa falha, cheia de vontades também, mas vontades positivas. Eu não existo para, desculpem a palavra, foder com ninguém, porque eu já faço isso naturalmente comigo.
Mas não desejo mal à quem me deseja mal, à quem me trata mal, à quem me cancela de sua vida. Cada um tem suas razões, seus sentimentos, e ainda que me doa, eu preciso aceitar.
O tempo, ainda que eu acredite pouco nisso, cura feridas.
O que espero, pessoalmente, é nunca mais, e isso é real, fazer nada que deixe o outro desconfortável.
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