terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Precisamos falar sobre cabelo, ou a falta dele. Sobre empatia e respeito.

Desde muito novinha, eu tinha algumas certezas em minha vida: eu seria tatuada, moraria sozinha e teria o cabelo bem curtinho. 

Tudo isso se realizou e eu fico abismada, mas faltava o cabelo bem curtinho. Há anos que não o deixo crescer nem próximo ao ombro, sempre curto. 

Nunca gostei de cabelo e além de gastar uma fortuna, não me sentia feliz. Em dezembro passado, pedi para a Malu passar a máquina e no sábado passado, pedi para ela raspar ainda mais. Eu queria o mínimo de cabelo e quando vi o resultado, nunca pensei que fosse me achar tão linda.

Postei a foto nas redes sociais e logo veio o comentário de uma pessoa, como uma crítica construtiva de que por eu ser cerimonialista eu deveria parecer charmosa e não um zagueiro do Flamengo.

Até concordei e me calei. Mas algumas pessoas não perdoaram e o criticaram, de forma construtiva, pela fala machista. Depois disso, até o tirei de meus contatos.

Então que precisamos falar sobre cabelo, mas na verdade, precisamos falar sobre respeito.

Algumas pessoas, talvez uma grande parte, realmente não gostaram do meu novo look capilar, mas se calaram. E fiquei feliz que esta pessoa tenha desabafado por estas que não gostaram, porque assim, foi logo de uma vez, uma crítica única, mas coletiva. 

Pelo menos não foi um comentário vindo de um homem, que com o perdão da palavra: queria me comer, e assim solta a pérola: gosto de cabelo grande para ter o que pegar. 

Volto a declarar aqui que eu sou assim: se algo não me agrada no outro, eu me calo. Sempre irei abrir minha boca para elogiar. Isso não é ser falso, mas é respeitar o gosto do outro. Demorei muito a entender o poder da empatia e quando isso aconteceu, o mundo ficou melhor. 

Aprendi que eu não sou absoluta em nada, que o que eu penso será diferente do que o outro pensa e que quando alguém não solicita a minha opinião, é porque ela não quer saber a minha opinião. Simples. 

Sinceridade é bem vinda, sim. Mas quando ela é solicitada e não essa coisa aí que o mundo da internet anda destilando sem medo do que nos reserva amanhã. 

Uma vez quase perdi uma grande amizade porque, pasmem, contei quantos cachorros-quentes ela havia comido. Mas olha o absurdo?!!!

Agora, com a maturidade e os desenganos da vida, aprendi que silêncio é uma pedra preciosa e a minha opinião só é bem vinda se for realmente for necessária. Se não, cada um que viva sua vida como bem entender, claro, sem ferir os meus direitos, como foi o caso desta pessoa.

O meu direito de fala acaba quando desta fala brotarão crises, lágrimas, dor e vergonha. 

A empatia deveria ser matéria escolar. 

Quanto à minha profissão de Cerimonialista, não sei bem se é importante parecer charmosa, afinal, como foi dito em uma das mensagens: não somos a noiva ou a debutante e quanto menos chamar a atenção melhor. E te falo, com esse cabelo é bem capaz de ninguém me notar mesmo, e isso será o ponto alto da minha decisão.

Agradeço a cada um que me defendeu. Fiquei tão em choque que não conseguia expressar minha indignação. Mas eles foram muito incríveis, mostrando que eu posso até estar feia, mas sigo sendo uma querida por muitas pessoas. E isso sim, vale mais do que tudo para mim. 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário. Me ajude a ser melhor!