Era uma quarta-feira. Eu que há muito tempo vinha nervosa e cansada, fui chamada na sala da Chefe para uma conversa.
"Olha Karla, se você não acabar seu casamento hoje, eu vou acabar ele por você".
Passei aquele dia de trabalho tentando achar uma maneira de acabar logo com àquela segunda tentativa. Não fazia nem um mês que a gente estava tentando de novo.
Fui para casa sem saber o quê fazer. Deitei na minha cama, só a luz do computador dele, enquanto ele saboreava seu doce cigarro.
Abigail deitou em minha barriga. Ela nunca havia feito isso. E ficamos ali nós duas, um pouco mais de 30 minutos e o que se seguiu depois disso me vem à cabeça em diversos momentos da minha vida.
As palavras ditas, trocadas entre nós foram frias, sem um significado. Era para ser. O fim. Não teve briga, não teve pedido de perdão, ninguém errou. Era o fim declarado em silêncio.
Até hoje me questiono insanamente se eu poderia ter tentado mais uma vez. E mais uma. Afinal o amor não é isso? Eu o amava, amava sim, embora as pessoas duvidem disso. Duvidei também, claro, afinal, eu havia decidido por fim à algo que era seguro.
Existiam diversas diferenças irreconciliáveis. Mas 5 anos depois, muitos relacionamentos ruins de verdade, me vejo sozinha, divorciada, com duas gatas, um coração partido e sem esperança.
Já me perguntaram se haveria uma chance. Não há mais nada a ser feito. São anos de um hiato. De uma evolução individual que não supera uma rotina massante.
Sei apenas que não há mágoa. Esperávamos por isso. A vida seguiu seu ritmo.
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