quinta-feira, 21 de março de 2013

Minhas fases. Essa sou eu.

 
 
 
 
Faltando uma semana para o meu aniversário, eu vim aqui hoje comentar um pouco sobre alguns acontecimentos que marcaram mesmo minha vida. Tipo fazer um compilamento básico de algumas coisas que me levaram para o caminho correto. Digo caminho correto, porque estar com saúde, casada, trabalhando, me parece que entre erros e acertos, eu não tive uma vida assim tão ruim né?
 
Falarei os acontecimentos por etapas.
 
Dos 3 aos 8 anos
Foi uma fase bem gostosa da minha vida. O começo da minha vida para falar a pura verdade. Eu costumo dizer que tenho dois aniversários: o dia 28 de março e o dia 02 de junho, dia da adoção. Nesta fase da minha vida eu morei em Buenos Aires, ganhei sobrinhos, viajei muito com meus pais, aprendi a ler e a escrever em espanhol. Eu fui uma criança bem feliz morando lá. Me lembro de muita coisa, de muitos detalhes que gente besta até duvida. Eu era super criativa, adorava entrevistar os amigos da minha mãe nas várias festas que frequentávamos e eu não calava nunca. Era uma coisa absurda. Talvez eu até fosse hiperativa, mas sabe como é, não deu nem tempo de descobrir.
 
Dos 8 aos 11 anos
Voltei da Argentina e em um ano ganhei 3 sobrinhos. Eu adorei isso, mas passado os anos eu percebi que em algum momento àquilo me afetou. Não de uma forma negativa, mas é claro que mexeu. Eu era a única criança, porque alguns anos antes eu havia perdido minha primeira sobrinha. Mas nunca dei bola para isso de ser a única criança e nem nunca rolou um ciúme ou algum tipo de agressividade. Foi uma coisa natural, gostosa e muito agitada. Eu curtia muito minha Sobrinha Ratattoulie, pois ela morava com a gente e era uma farra todo dia. Eu ia bem na escola, mas nunca fui uma aluna muito boa. Sempre ficava depois da aula, pois eu falava demais e não conseguia copiar as coisas do quadro. Brincava muito na rua, mas já tinha em mim algum tipo de responsabilidade. Eu não era chegada em arrumar a casa, não era mesmo a pessoa que sou hoje. Talvez a parte mais díficil desta época, foi a que minha prima morou com a gente. Minha mãe super fofa a ajudou em um período e para mim foi um momento um pouco infernal. Eu não gostava dela, mas tentava conviver pois afinal de contas ela havia passado por uma tremenda dor perdendo a mãe. Mas eu não sinto falta nada nada destes momentos com ela, mas também não a odeio, que fique bem claro.
 
Dos 11 aos 15
4 anos em Moscou. 4 anos vivendo em uma montanha-russa. Foi bom? Claro que foi, embora eu só tenha percebido isso muitos anos depois. Foi uma fase de amadurecimento, mas eu demorei a entender que àquilo era importante. Lá, além do frio, havia a saudade da família que havia ficado aqui, embora meu irmão tenha passado um mês das férias dele com a gente. Fiz muitas amizades gostosas que eu cuido até hoje. Aprendi à força o idioma que é hoje o que me fortalece profissionalmente. Aprendi pelo sim e pelo não, escutando mais que perguntando. Me tornei um pouco reclusa, passei a falar menos, a escrever mais e a escutar mais música. Minha mãe teve depressão, e foi muito ruim. Papai ficou doente também, e foram anos entre ajudá-lo traduzindo algumas consultas, passear com eles, enfrentar o frio. Faziámos tudo o possível para sobrevivermos. E sobrevivemos. Eu sobrevivi ao turbilhão emocional típico da idade, engordei um monte e não tenho dúvidas que lá eu moldei todo o meu senso de responsabilidade, comprometimento, dedicação e coragem. Com os russos aprendi que pontualidade é uma obrigação e que nem tudo é de fato como Marx idealizou.
 
Dos 15 aos 24
Esses 9 anos foram muito interessantes. Cheguei da Rússia e não tive muito tempo para reflexão não. A vida cobrava de mim o meu melhor. Sinto que não dei o meu melhor neste tempo. Fui uma aluna do Ensino Médio até muito dedicada, mas sempre tive problemas com matérias de cálculo, então era um tal de ficar de recuperação que só Deus entendia. Quando fiz 18 anos achava que entraria para a UNB e que minha vida se tornaria um eterno conto de fadas. Mas o meu conto de fadas foi começar a ralar mesmo. Desde esta época eu só fiquei 6 meses sem trabalhar. Era um tal de cursinho para pré-vestibular, ler um livro, dois, 3, cuidar da casa, trabalhar de segunda a sexta. Eu me divertia muito, tinha amigos na Igreja, então a vida era animada. Com 20 virei vendedora e com 21 entrei na faculdade. Com 24, saí de casa. Assim. Simples e básico. Mas fui uma jovem feliz sim. Namorei bastante, farreei muito, dancei, cantei, rezei. Mudei mil vezes a cor do cabelo, fiz amizades eternas e dispensei várias outras. Me tornei um pouco egoísta e quase morri por conta de uma anorexia nervosa.
 
Dos 25 até hoje
 
Ao sair de casa minha mente se livrou de um peso que eu carregava e para ser sincera nunca entendi. da onde este peso surgiu. A terapia não conseguiu me explicar, mas me fez melhorar. Com o lance da anorexia eu passei a ver a vida de outra forma. Eu sei que essa decisão foi primordial para me tornar quem sou hoje. Morei com uma amiga, então entendi que em todo canto, com pai, com mãe, com amigos, existem divergências e diferenças irreconciliáveis. Sinto que melhorei muito como filha, como amiga e me senti capaz de parar com namoros inutéis e focar em um casamento. Não sei porquê, mas algo me dizia que eu me casaria antes dos 27 e assim foi. Nestes anos fora do ninho, eu estudei muito, escrevi muito, bebi muito, dancei muito, namorei o suficiente e na hora certa parei de perder tempo. E aí, conheci meu Marido e a vida é nos últimos 3 anos um pouco mais complicada logisticamente, mas ela é cheia de um amor verdadeiro e respeito real.
 
Errei muito nesta minha vida. Errei comigo, com meu futuro, com meus familiares e amigos. Mas apesar de tudo, me sinto valorizada, respeitada, incentivada. Sou humana. Tem dias que não quero viver, em outros que viver como se não houvesse amanhã. Sou ariana, então eu sou o que sou. E sou feliz por não ser a Gabriela, Cravo e Canela, eu nasci assim, cresci de uma outra forma e espero quando chegar minha hora eu tenha continuado minha mudança aprendendo mais do que batendo com a cabeça na parede.
 
Até semana que vem em? Meu grande dia!
 
 
 

Um comentário:

  1. me emocionei com a frase " há dias que não quero viver e há outros que quero viver como se não houvesse amanha" forte e verdadeiro!

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