Há 30 anos, eu com então 11 anos, embarquei com meus pais rumo a minha maior aventura, até agora, da vida.
Lembro que no dia anterior teve uma mega festa de despedida, na casa da Tia Fátima (in memoriam) e do Tio Celso, que eram amigos dos meus pais da época de Buenos Aires. A festa foi de arromba, terminando com o dia amanhecendo.
Todos acordamos tarde e o clima era uma mistura de alegria e tristeza.
Lembro da oração feita antes de irmos para o Aeroporto.
Lembro do silêncio neste trajeto.
E lembro do grito da Anne quando depois de muito choro, nos despedimos.
Entramos nós 3 no avião em completo silêncio. Só fomos falar algo no Rio de Janeiro, quando encontramos o casal que nos acompanharia rumo à Moscou.
Do Rio, partimos para Frankfurt. Permanecemos lá por 8 horas e embarcamos à noite.
Demoramos a descer. Descobrimos depois que rolou um problema no trem de pouso e eles estavam jogando gasolina fora para o caso de precisar descer de barriga.
Não precisou, mas desembarcamos sob luzes de bombeiro e policia.
Era noite de 31 de outubro. Frio. E eu só chorava querendo voltar. Mas não tinha como.
Não voltamos. Permanecemos por 4 longos anos.
Obrigada meu Deus por ter me permitido conhecer um lugar tão diferente e que faz, até hoje, diferença em minha vida.
30 anos depois, sou de longe a menininha feliz e saltitante, dançante e falante. Mas sigo confiante de que o amanhã será melhor do que hoje, tal qual eu era morando por lá.
A fé, com absoluta certeza: em Deus, na família e em mim, foi o que me fez caminhar até agora.
E Moscou, mesmo eu não voltando lá nunca mais, será sempre a minha melhor fase da vida.
A saudade nunca passará.