Jean Charles comportava-se de forma "agressiva", diz advogado
Por Michael Holden
LONDRES (Reuters) - O brasileiro Jean Charles de Menezes, morto dois anos atrás pela polícia britânica, que o confundiu com um homem-bomba, agiu de "forma agressiva e ameaçadora" ao ser abordado pelos policiais, afirmou nesta sexta-feira um advogado diante de um tribunal de Londres.
O assassinato de Jean Charles, 27 anos, morto a tiros quando entrou em um vagão de uma composição do metrô no sul de Londres, foi um "acidente terrível", disse o advogado de defesa da força de polícia da capital britânica, que está sendo julgada sob a acusação de violar leis de proteção ao bem-estar e à segurança da população.
O eletricista comportava-se, no entanto, de maneira semelhante à de um homem-bomba em potencial e os policiais não poderiam ser responsabilizados, disse Ronald Thwaites diante da corte.
Jean Charles recebeu sete tiros na cabeça em 22 de julho de 2005, disparados por policiais que o confundiram com um dos quatro homens acusados de terem tentado, no dia anterior, realizar atentados no sistema de transporte público de Londres.
Aquela tentativa de ataque aconteceu apenas duas semanas depois de quatro jovens islâmicos com cidadania britânica terem detonado explosivos em três composições do metrô e em um ônibus, matando 52 pessoas e a si próprios.
Segundo Thwaites, Jean Charles não obedeceu às ordens dos policiais porque poderia estar levando drogas nos bolsos ou estar com algum carimbo falsificado em seu passaporte.
"Ele foi morto a tiros porque, quando abordado pela polícia, não obedeceu às ordens, mas reagiu da mesma forma como, segundo haviam sido treinados, reagiria um homem-bomba no momento de detonar seus explosivos", disse o advogado. "Além disso, ele se parecia com um dos suspeitos e comportava-se de maneira suspeita", acrescentou.
"Ele reagiu de forma agressiva e ameaçadora, conforme a interpretação dos policiais e conforme o senhor ou eu próprio interpretaríamos aquilo se estivéssemos nas mesmas circunstâncias, menos de 24 horas depois de ter ocorrido uma tentativa de ataque no metrô e em um ônibus", disse.
Thwaites também criticou os promotores por terem iniciado o processo, acusando-os de utilizar "truques sujos".
A promotoria decidiu no ano passado que não havia indícios suficientes para acusar individualmente nenhum dos policiais envolvidos. Ao invés disso, os promotores deram início a um processo contra a Polícia Metropolitana de Londres.
Segundo os promotores, "falhas chocantes e catastróficas" resultaram na morte de Jean Charles e colocaram em risco outras pessoas.
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