quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Mariana Ferrer

Ficamos todos extremamente chocados com o que aconteceu com a influenciadora Mariana Ferrer, que foi estuprada, virgem, enquanto trabalhava em uma boate em Florianópolis. 

Mas o que me choca é que provavelmente muitas mulheres devem achar que ela é culpada, e digo isso, porque eu já fui uma dessas mulheres, não neste caso em específico, que já comentou que a culpa é da mulher. E acho importante sermos sinceras e admitirmos que nem sempre estamos ao lado de quem realmente precisa de ajuda. A mudança veio, graças a Deus. Eu realmente, hoje, sou neste aspecto, uma pessoa melhor. 

Mariana foi massacrada no julgamento, por homens, não tinha ali nenhuma mulher que a entendesse. O advogado do Diabo tratou essa moça como se ela fosse lixo. As cenas são de chorar.

Eu chorei. Por vergonha de um dia ter sido tão machista. Por sentir uma dor por essa menina e por tantas mulheres que atravessam o calvário por serem mulheres. Só por isso. 

E me choca muito que ainda exista uma grande parcela da população que acha que a mulher tem que se manter vestida dos pés à cabeça, que não pode beber, que não pode sair com o cara na primeira noite, porque isso é dar motivo para que o cara a estupre, por ela ser "fácil". Oi?

O caso de Mariana foi tido pelo Juiz do caso como Estupro Culposo, o que sugere que ele não teve a intenção de estuprá-la. Oi? De novo.

Até quando ficaremos caladas? Até quando aceitaremos que nos humilhem? Até quando criaremos humanos que se acham melhores do que o outro? Até quando manteremos o discurso do azul é para meninos e rosa é para meninas e por conta disso, meninos fazem o que querem e meninas se calam por medo? 

Ontem eu me senti muito frágil. Como mulher. Lembrei de todas as vezes que sofri algum tipo de assédio e me calei, por medo, por achar que mereci, por não saber o que fazer. Só quem passa por isso sabe. 

Graças a Deus, há muito tempo eu aprendi a respeitar ao próximo e a entender mais à fundo a importância do feminismo como aspecto revolucionário, como parte da necessidade de atitude de amor com tantas meninas e mulheres que vivem à margem de uma sociedade que idolatra homens que são na verdade vagabundos em potencial máximo. 

Ao dormir, rezei por Mariana e por tantas Marianas deste mundo. 

Rezei por nosso Brasil. País que está dando vergonha alheia em tantos aspectos, ainda mais em um ano tão confuso. Já não sei o que esperar. Acho que chegamos ao fundo do poço.

Temos alguma chance de mudança? Se cada um for a mudança. Provavelmente. Se não, infelizmente, só Deus mesmo.