Todo carnaval só acaba na quarta de cinzas.
Para mim, nem teve começo, nem teve fim.
A cabeça, o corpo,o bloco das bolinhas pretas, a fantasia.
Alegorias de uma vida sem batidas de tambor, nem passistas, nem rebolados, nem praia.
O sol, o mar imaginado a cada pisada em um solo falso.
A televisão me mostra o glamour de uma vida previamente escolhida na maternidade de uma favela obsoleta.
A fome, o desprezo, os carros que vem e vão, teoricamente em encontro ao paraíso. Aquele paraíso que eu imaginei enquanto meus carnavais eram tão felizes. Eu já tive um carnaval feliz. Eu já tive uma vida feliz.
Eu sou feliz, em barbantes coloridos caminho, pé ao lado do outro, pendurada sobre pipas e bolas de cristais.
Planejo, e coloco sobre as bençãos celestiais, meu mais íntimo dos pedidos, aquele que só arlequins e querubins puderam ouvir, enquanto minhas mãos faziam as orações no pôr do sol.
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