Bem, eu acompanho um blog que se chama "Mulher é mesmo burra"!, e inclusive elas foram entrevistadas pelo Jô na quarta-feira passada. Acompanho o blog há quase um ano e me divirto muito mesmo. Porque rir de nossas burrices amorosas dá um ânimo para não cairmos nas mesmas conversas fiadas masculinas e viver sem esperar nada em troca.
E eis que ontem eu encontrei uma menina que deveria ser incluída nessa lista.
14 anos e um bebê de 3 meses. Para mim é a maior burrice que uma pessoa comete. Engravidar sem estrutura física e emocional. Ainda mais quando se está cursando a 5ª série. Ainda no mesmo evento, uma senhora quixava-se de seu filho de 20 anos, que namora uma garota de 17 há dois anos e logo que descobriu que ela estava grávida "decidiu" terminar porque não gosta dela.
Fico pensando, poxa será que essa mulherada não sabe ainda o quê é uma camisinha, anticoncepcional, DIU, pílula do dia seguinte?. A função de evitar filho não deve ser apenas do homem. A maior responsável pelo nosso corpo, somos nós mulheres, nós decidimos quando ou não queremos engravidar. Para mim não existe essa de que não nos prevenimos. Claro que imprevistos acontecem, somos humanos, esquecemos da pílula um dia, a camisinha estoura um dia, mas não é um caso que deveria ser o maior motivo de gravidez precoce.
Filho é uma decisão muito séria. Já é complicado quando se ama, imagina um filho sem amor, um filho gerado numa noite de farra, bebedeira. Um filho aos 13, 14 anos pode acabar com muitos sonhos de adolescência, de projetos profissionais, de futuro.
E ter filho para colocar nesse mundo ordinário, mesquinho, egoísta, que nos tira a vida por todo e qualquer motivo?. Um filho para crescer entre balas perdidas, fila de desemprego, onde mulher é colocada em celas masculinas, onde são estrupadas. E crescer num Brasil onde o índice de educação é vergonhoso, onde se ter um futuro é algo para poucos.
Não sou contra gerarmos crianças no mundo. O mundo precisa de humanos afinal. O que não podemos é fazer filhos por todos os motivos, sem um planejamento familiar, sem uma meta de vida, sem uma qualidade de vida. O mínimo que devemos oferecer à nossas crianças é educação, saúde, cultura, lazer. E nós sabemos que na maioria das vezes temos que esolher entre essas opções citadas o que realmente podemos dar a nosso filho. Porque é caro, é um investimento eterno.
E como ter filhos se não estamos preparados, se não estamos moralmente evoluídos, capacitados?. Como ser pai, se ainda aceitamos a corrupção, a escravidão, o preconceito?.
Pode até ser besteira o que penso, mas é exatamente isso que penso.
As vezes desejo ser mãe. Mas desejo ser uma mãe presente, oferecer o melhor para um filho meu. A melhor comida, a melhor escola, a melhor roupa. Quero que ele possa brincar no parque, ir ao shopping, viajar todo ano, fazer intercâmbios, sair com os amigos sem medo de levar um tiro, ser estrupado. Quero ser mãe e poder transmitir segurança, felicidade, intelectualidade, um ambiente em que ele ou ela se sinta bem, que não tenha vergonha de mim, que possa em algum momento dizer que sou a melhor mãe do mundo.
Porque eu tenho os melhores pais do mundo e sou o que sou hoje porque eles me ensinaram o dever, a obrigação, o respeito e a gratidão.
É isso que o mundo precisa. De pais e filhos engajados na luta do respeito e da gratidão. Do respeito ao próximo mais próximo e ao mundo mais distante. Respeito às raças e religiões, e acima de tudo o respeito a si mesmo.
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